O avanço do contágio e , em consequência, a adoção de novas restrições para o funcionamento de lojas, restaurantes e prestadores de serviços eleva a preocupação com o tamanho das perdas econômicas.
Empresários e entidades que representam setores da economia pressionam gestores públicos municipais e estaduais para recuar nas decisões de fechamento, mas só agora começam a dirigir seus esforços para cobrar o remédio efetivo: liberação de crédito facilitada.
O problema que boa parte das empresas enfrenta não é de operação. Existem algumas que já enfrentavam dificuldades antes da pandemia e não conseguirão superar mais uma. Mas há uma quantidade muito maior que começava a vislumbrar melhores dias depois de um período difícil – um ano de estagnação, dois de recessão e três de retomada muito lenta – e foi atropelada pela pandemia.
Muitas empresas já ficaram quase dois meses sem receita. Depois de poucos dias de intervalo, vão precisar interromper outra vez as atividades. Por mais que busquem alternativas, enfrentarão novas reduções de faturamento.
Assim como se sabe que a pandemia é um fenômeno temporário, não se conhecem detalhes suficientes sobre sua duração. Para permitir que os negócios sobrevivam, exigir manutenção do funcionamento a qualquer preço não é a resposta. A solução está na construção da ponte entre este momento de incerteza e o momento em que medicação e/ou vacina permitam desenhar um horizonte mais nítido: a facilitação do crédito.
De gestores estaduais e municipais, é legítimo cobrar mudanças mais previsíveis e adoção de novas regras claras e compreensíveis. Se já é difícil aderir a normas que contrariam o interesse mais imediato dos empreendedores, ter de interpretar e decifrar quais delas se aplicam em cada caso só atrasa o efeito desejado por todos, a redução na velocidade de contágio.
Falta cobrança direcionada ao governo federal, que tem o remédio que funciona contra os efeitos econômicos da crise, o crédito. Como resultados costumam ser cobrados de governos depois dos primeiros cem dias, passou da hora de a equipe econômica mostrar serviço. O Brasil se aproxima dessa marca sob o impacto do coronavírus na economia real, mas ainda faltam medidas de simplificação de acesso a financiamento capazes de responder com um mínimo de eficiência.