As projeções da média dos analistas para a queda no PIB do Brasil neste ano pioram há 15 semanas seguidas no boletim Focus, do Banco Central. chegando nesta segunda-feira (25) a 5,89%. Mas os economistas ainda estão longe de algum consenso. As estimativas coletadas pelo site de investimentos Yubb (veja tabela abaixo) incluem contas feitas entre 19 de março e o dia 18 deste mês. Nas últimas semanas, quando ficou mais claro o tamanho do problema de acesso a crédito, essa variável entrou no radar dos responsáveis por tentar dimensionar o tamanho do tombo.
Facilitar o crédito é um remédio para a economia. Impede o agravamento do contágio da doença para os negócios. Neste caso, o governo, se quiser, tem acesso a uma cloroquina que funciona, como testaram crises anteriores. Do grau de disseminação desses recursos também vai depender quanto da atividade econômica será preservada.
— As operações do governo está fazendo de tentar levar crédito para empresas não estão funcionando. A burocracia é tamanha que não chega onde precisa, há empresas quebrando por falta de crédito — observa Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo de estudos e pesquisas econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Embora se defina como um "crítico dos bancos", Oliveira pondera que, neste cenário, as instituições financeiras têm pouca margem de manobra. Travam o crédito por temer que a inadimplência entre os novos clientes aumente, o que pode comprometer a saúde do sistema. Afirma que, no Exterior, são os tesouros nacionais que dão garantia a essas operações.
— Esse modelo foi trazido para o Brasil, mas ainda está por ser aprovado. Se os bancos tiverem garantia maior e risco menor, vão emprestar, pois têm interesse.
Na quinta-feira (21), o secretário especial da Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, afirmou que a linha de crédito aprovada há um mês no Congresso, está "no forno". O problema é que está lá ha mais de mês. Não é à toa que os empresários estão exasperados. Hermes Ghidini, consultor de empresas que ouve lamentos diários sobre essa situação, escreveu à coluna:
— A vacina para salvar uma grande parte das pequenas e microempresas seria a lei 1282/2020 (que prevê até R$ 15,9 bilhões com 85% de garantias do Tesouro e de um fundo do Sebrae), só que os laboratórios políticos do Congresso e da Presidência da República, estão retendo essa solução por lentidão e burocracia.
Ghidini detalha que, em 23 de abril o Congresso aprovou o projeto, que foi vetado parcialmente pelo presidente na última terça-feira e só tem exame de vetos previsto para o dia 18 de junho. Terão se passado dois meses entre a aprovação e a liberação, se tudo der certo.
— Enquanto isso, milhares de empresas fecham a cada dia. Essa vacina está pronta, nem precisa de testes. Quando chegar, não sei se haverá empresas para salvar — adverte Ghidini.
Fonte: instituições financeiras
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