Quando as primeiras medidas ao acesso ao crédito foram anunciadas, há quase dois meses, já eram urgentes. Mas passaram-se 60 dias, os recursos não chegam onde são mais necessários e, agora, será preciso esperar mais. Aguardado com ansiedade, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) foi sancionado na noite de segunda-feira pelo presidente Jair Bolsonaro. Como houve vetos, será preciso que o Congresso os aprecie. A linha inclui garantia do Tesouro de 85% do empréstimo e vale para empresas que faturaram até R$ 4,8 milhões em 2019.
O valor do empréstimo é de até 30% do faturamento, limitado a R$ 109 mil para micro e a
R$ 1,4 milhão para as demais. Só começará a ser pago em 2021, com taxa de 4,25% ao ano. Mais do que as condições, o que anima é que poderá ser concedido por cooperativas e fintechs.
— Acesso ao crédito é um problema porque os bancos preferem emprestar para os que têm faturamento maior e teoricamente oferecem menor risco — diz o presidente da Confederação Nacional das Micro e Pequenas Empresas, Ercílio Santinoni.
Superintendente do Sebrae no Estado, André Godoy observa que o grande erro das medidas já anunciadas é ter de passar pelo sistema financeiro tradicional, cuja lógica desvirtua o mérito.
— Quando a empresa vai mal por culpa sua, tem mais é que quebrar. Mas quando vai mal por um ato de poder, que determinou o fechamento, precisa de compensação.
Defensor de ajuda aos pequenos negócios, Godoy observa que as empresas precisam ser responsáveis pelos recursos para que voltem para a sociedade.
o governo começa a admitir erros em linhas já anunciadas, como a destinada a financiar a folha de pagamento. E prepara para esta semana uma linha de capital de giro. Mas o custo da espera pode ser alto.