Basta observar o que ocorre nesta metade de junho em Pequim: depois de praticamente normalizar as atividades no país, foi preciso fechar o mercado de carne de Xinfadi, um dos mais importantes da capital chinesa e bloquear 11 bairros. A cidade que havia passado quase incólume pela primeira onda de covid-19 teve de interromper uma atividade essencial, ligada à alimentação.
Abrir e fechar operações, lamentavelmente, será necessário enquanto a disseminação do vírus não for controlada. No caso do Rio Grande do Sul, e especificamente, de Porto Alegre, é preciso que as condições desses movimentos sejam mais previsíveis.
Se é verdade que tanto o prefeito Nelson Marchezan quanto o governador Eduardo Leite avisaram que isso poderia ocorrer, também é genuína a perplexidade dos comerciantes. Algo não ficou claro nessa conversa de interesses mútuos.
No Estado, anúncios seguidos de revisões abriram espaço para pressões que podem ser legítimas sem expressarem o interesse de todos os cidadãos. Na Capital, a demora em esclarecer anúncios vagos com decretos detalhados, como ocorre desde a última sexta-feira, abriu lacunas que não ajudam a planejar as atividades e elevam a tensão.
Gaúchos e porto-alegrenses são privilegiados. Embora estejam em alta, os números de casos, de mortes e de ocupação de UTIs evidenciam a boa condução dos gestores públicos e a consciência dos cidadãos. Criar mais previsibilidade a movimentos necessários de precaução é fundamental para enfrentar os meses de incerteza que temos pela frente. Diálogo qualificado antes é melhor do que pressão depois.
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