Nesta quarta-feira (17), se as expectativas de mercado tiverem sido ancoradas de forma correta – que também é dever do Banco Central (BC) –, o juro básico deve ter novo corte de 0,75 ponto percentual, para 2,25% ao ano.
Se passaram exatos 40 dias da decisão anterior, tomada no dia 6 de maio, que cortou igualmente 0,75 ponto percentual na taxa de referência da economia, sem que o governo federal tivesse tomado qualquer medida efetiva para que a medida cumpra seu papel: reduza o custo do crédito na vida real.
Em abril, a economia brasileira tocou o fundo do poço, com quedas de 18,8% na indústria, 16,8% no comércio e 11,7% nos serviços, como anunciado pelo IBGE nesta quarta-feira (17). No mesmo mês, em vez de compensar perdas impostas pela pandemia, o crédito para empresas também despencou 25%.
Na terça-feira (16), véspera da reunião do Comité de Política Monetária (Copom), a Caixa anunciou que vai começara a operar, depois de dois meses de suspense, a linha para pequenas e microempresas que inclui garantia do Tesouro Nacional. O total disponível é de R$ 3 bilhões. Parece muito, mas é quase nada diante do tamanho das necessidades. E a Caixa é o banco público mais equipado para atuar na crise, por ter 100% do capital nas mãos da União, não precisa entregar lucros bilionários a acionistas privados.
Na semana passada, na reunião ministerial ensaiada para compensar o estrago na imagem do governo provocado pelo vídeo de encontro semelhantes realizado em 22 de abril, o ministro Paulo Guedes se comprometeu a "desentupir os canais" do crédito.
Reconheceu, portanto, que os recursos destinados a socorrer as empresas não estão fluindo. Mencionou até a possibilidade de que o BC anunciasse mudanças em outra linha essencial, a destinada ao pagamento de salários, ainda no mesmo dia. Passou-se mais um semana, e nada.
Fornecer crédito com garantia do Tesouro Nacional é, sim, uma medida extraordinária. Mas, na crise, já foi adotada em países como Estados Unidos e Alemanha, para citar os ricos, e Argentina, para mencionar um em pior situação econômica do que o Brasil.
É dever do governo federal fornecer meios de sobrevivência às empresas que têm atividades interrompidas como única medida eficaz de controle da pandemia. Até porque, caso não o faça, terá de assumir os custos sociais e econômicos da quebra de empresas e do desemprego.