Havia expectativa de ao menos um anúncio oficial, a ser detalhado mais tarde. Mas na manhã desta terça-feira (9), durante reunião transmitida ao vivo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, frustrou mais uma vez as empresas que esperam há meses a facilitação do acesso a crédito.
Guedes preferiu se limitar a confirmar a informação dada dias antes sobre a extensão do auxílio emergencial por mais dois meses, agora com parcelas de R$ 300. É sem dúvida importante, mas o presidente Jair Bolsonaro já havia feito o anúncio, e havia fome por novidades no crédito. Vieram apenas mais promessas:
– Vamos desentupir os canais da linha de crédito para pagamento da folha de salários.
O governo havia destinado R$ 36 bilhões para essa linha, mas não houve demanda. Entre os problemas apontados por empresários, estão o excesso de burocracia, exigências muito rígidas e a necessidade de firmar compromisso de não demitir. Na semana passada, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, havia antecipado que a decisão seria cobrar apenas manutenção de 50% do quadro. Duro, mas realista.
Nesta terça-feira, a Receita Federal anunciou a regulamentação do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), outra linha de crédito com taxa baixa, carência longa e garantia pública, a exemplo do programa de financiamento da folha.
A Receita confirmou que enviará comunicado às empresas informando o valor de sua receita bruta, que vai determinar o tamanho do empréstimo e permitir o início da análise de crédito. O limite corresponderá a até 30% dessa quantia. O cronograma começa ainda nesta terça-feira (9) e continua a partir de quinta-feira (11), feriado em muitas cidades.
Conforme o diretor-superintendente do Sebrae-RS, André Vanoni de Godoy, a perspectiva é "positiva" para os próximos passos. Guedes citou os preparativos adotados até agora, como a injeção de R$ 15,9 bilhões no Fundo Garantidor de Operações (FGO), do Banco do Brasil, com o que o governo pretende destravar o crédito e essas empresas. O FGO cobrirá até 85% das perdas das carteiras de crédito dos bancos nessas operações.