O número de desempregados aumentou 10,8% no Brasil em maio, para 10,9 milhões. Isso quer dizer que, em meio à pandemia de coronavírus, 1,05 milhão de pessoas passaram a integrar o grupo que amarga a escassez de vagas de trabalho. Essa é uma das conclusões de pesquisa lançada nesta terça-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pnad Covid-19. O estudo busca analisar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e na área de saúde.
O número de 10,9 milhões foi registrado na semana de 24 a 30 de maio. No começo do mês, entre os dias 3 e 9, o contingente era de 9,8 milhões. Com isso, a taxa de desemprego subiu de 10,5% para 11,4%. Esse indicador mede o percentual de desocupados sobre a força de trabalho, que também inclui os ocupados.
Para o IBGE, uma pessoa desempregada é aquela que procura oportunidades, mas não encontra vagas disponíveis. Se exercer atividades informais, como os populares bicos, deixa de integrar a parcela dos desocupados.
O instituto também apontou que, ao final de maio, outros 17,7 milhões de profissionais gostariam de ingressar no mercado, mas não conseguiram buscar vagas em razão da pandemia ou da escassez de ofertas.
— É um volume muito alto — diz Luís Eduardo Puchalski, gerente substituto de pesquisa do IBGE no Estado.
Com os resultados, o país somou 28,6 milhões de pessoas desempregadas ou sem buscar trabalho. Professor da Escola de Negócios da PUCRS, Ely José de Mattos avalia que os números preocupam, mas não chegam a surpreender diante do tamanho da crise.
Na visão do economista, um dos principais desafios para a melhora do quadro é o auxílio a pequenos e médios negócios. Nos últimos meses, donos de empresas de menor porte encontraram dificuldades de acesso a crédito no país, o que pode forçar demissões.
— A situação é muito preocupante porque ainda faltam ações efetivas para pequenos e médios negócios. Também é preciso salvar a padaria do bairro, o restaurante, empresas que não têm grande fluxo de caixa — diz o professor.
Segundo o IBGE, a população ocupada foi de 84,4 milhões entre 24 e 30 de maio. Desse total, 14,6 milhões (17,2%) estavam afastados do emprego devido ao distanciamento social. Enquanto isso, 8,8 milhões trabalhavam de maneira remota, no chamado home office. Essa parcela representou 13,2% dos ocupados que não foram afastados.
A Pnad Covid-19 foi planejada em parceria com o Ministério da Saúde. Conforme o estudo, cerca de 10,5% da população (22,1 milhões de pessoas) apresentaram pelo menos um sintoma gripal associado ao coronavírus. Entre eles, febre, tosse, dor de garganta e dificuldade para respirar.
Trabalho e saúde ao final de maio
- 84,4 milhões de brasileiros estavam ocupados
- 8,8 milhões trabalhavam de maneira remota, em home office
- 10,9 milhões estavam desempregados
- 17,7 milhões não chegaram a procurar trabalho por causa da pandemia ou dificuldades na economia de sua região
- 22,1 milhões tiveram pelo menos um dos 12 sintomas associados à síndrome gripal, como febre e tosse
- 3,6 milhões das pessoas com sintomas procuraram algum estabelecimento de saúde. Mais de 80% dos atendimentos foram na rede pública
Fonte: IBGE