Apesar de seguirem altas, as taxas de juro para pessoas físicas e empresas recuaram em abril. É um alívio, mesmo que pequeno, diante do cenário de crise e da dificuldade de acesso a crédito que tem marcado a pandemia de covid-19. Dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) liberados nesta segunda-feira (11) apontam que, em média, as taxas para pessoa física encolheram 1,04% no mês. Para as empresas, onde havia ocorrido a maior alta no mês anterior, também há queda mais visível, de 2,21%.
Uma das mais necessárias neste momento para manter as empresas funcionando, a linha de capital de giro, teve redução de 4,72%, após aumento de 3,25% em março. Mas o custo médio mensal da linha, de 15,53%, corresponde a pouco mais de cinco vezes a Selic anual, ou seja, ainda é muito alto.
Assim como as direcionadas para pessoas jurídicas, todas as linhas de crédito oferecidas aos cidadãos tiveram custo mais baixo no mês passado (veja os detalhes de cada linha na tabela abaixo). Diretor-executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira disse à coluna que o dado "surpreendeu positivamente", mas lamenta não poder assegurar que seja uma tendência. Como demonstraram as provisões para créditos de liquidação duvidosa nos balanços do primeiro trimestre, há temor de alta da inadimplência, um dos maiores componentes do custo do crédito.
Para a Anefac, a queda está decorre da redução da taxa básica, a Selic, embora ainda não tenha sido capturado o efeito do corte mais recente, para 3% ao ano, na semana passada, porque o mês já havia virado. Além disso, a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) ampliasse a redução da Selic, antes da concretização mais recente, também ajudou a baixar as taxas:
– A redução já feita no compulsório, apesar de o volume não estar chegando à ponta, também ajuda, assim como operações com juro realmente baixo, caso do financiamento de folha de pagamento, que tem taxa limitada a 3,75% ao ano e as renegociações de dívida, que estão sendo feitas com taxas menores.
Se quiser evitar que as taxas voltem a subir na ponta, pondera Oliveira, o Banco Central (BC) pode adotar medidas como novas reduções de depósitos compulsórios e de outros custos da intermediação financeira.
Redução no custo do crédito para pessoa física
Juro no comércio -0,83%
Cartão de crédito -1,06%
Cheque especial -1,36%
CDC para financiamento de automóveis (bancos) -1,39%
Empréstimo pessoal (bancos) -1,19%
Empréstimo pessoal (financeiras) -0,93%
Média geral -1,04%
Redução no custo do crédito para pessoa jurídica
Capital de giro -4,72%
Desconto de duplicatas -2,07%
Conta garantida - 1,77%
Média geral - 2,21%
Fonte: Anefac