Há cerca de 15 dias, a coluna já havia registrado a tendência, mas agora o fenômeno está comprovado em pesquisa: depois de dois anos consecutivos de queda, os juros subiram em março, tanto para pessoas físicas quanto para empresas (veja os detalhes de cada linha na tabela abaixo). Os dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) apontam que, na média geral, as taxas para o cidadão subiram 0,52%, enquanto para as empresas aumentaram 1,6%.
Mas a linha de capital de giro, uma das mais necessárias neste momento para manter as empresas em operação em fase de redução de receita, saltou 3,25%. É só coincidência, mas o percentual de alta é quase igual à taxa anual de referência, a Selic, de 3,75% ao ano, custo do financiamento oferecido pelo governo para a folha de pagamento.
Para a Anefac, os motivos da alta são relacionados à instabilidade na economia provocada pela pandemia da covid-19 e seus desdobramentos, como provável recessão, aumento no desemprego e elevação do risco, diante da queda da renda das famílias e prejuízo das empresas.
– A elevação era esperada e veio abaixo do que se imaginava, porque até o Banco Central preparou o mercado para uma forte alta no juro. Isso significa que vai continuar subindo nos próximos meses, caso se concretize o cenário de aumento de inadimplência – afirma Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo de estudos e pesquisas econômicas da Anefac.
Esse cenário contribui para que as instituições financeiras aumentem suas taxas de juros em um ambiente de provável elevação dos índices de inadimplência tanto das pessoas jurídicas, como das pessoas física. A perspectiva para os próximos meses é que as taxas de juros continuem subindo. Entretanto, a Anefac considera que ações do Banco Central como redução de impostos e compulsórios podem amenizar as altas.
Aumento da taxa para pessoa física
Juro no comércio: 0,42%
Cartão de crédito: 0,71%
Cheque especial: 0,27%
CDC para financiamento de automóveis (bancos): 1,41%
Empréstimo pessoal (bancos): 0,60%
Empréstimo pessoal (financeiras): 0,62%
Média geral: 0,52%
Aumento das taxas para pessoa jurídica
Capital de giro: 3,25%
Desconto de duplicatas: 0,69%
Conta garantida: 1,19%
Média geral: 1,6%
Fonte: Anefac