Na segunda-feira (14), o petróleo tipo brent subiu quase 2%, levando o barril de volta para o patamar de US$ 80, que não era atingido em quatro meses. A pressão veio com a projeção de novas sanções dos Estados Unidos ao óleo russo forçariam compradores da Índia e da China a buscar outras fontes, apertando os limites de oferta e demanda.
Antes da véspera, a última vez em que a cotação orbitou os US$ 80 foi em julho de 2024, quando o dólar estava cotado a R$ 5,60. Agora, o barril nesse patamar "encontra" a moeda americana na faixa entre US$ 6 e US$ 6,10, uma alta de quase 9% só no câmbio.
Se até agora era o preço do barril que ajudava a Petrobras a segurar reajustes de combustíveis, agora esse papel está em questão. A combinação das duas altas eleva a pressão para que a Petrobras repasse para os preços dos combustíveis. Nesta terça-feira (14), o brent até registra algum recuo, neste final da manhã de 0,75%, mas sem abandonar o patamar de US$ 80.
Em uma de suas entrevistas mais recentes, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que, ao "abrasileirar" os preços dos combustíveis – referência à mudança da política de reajuste feita em maio de 2023 –, a companhia "ganhou dinheiro".
Em tese, isso significa que a estatal acumulou caixa ao não reduzir os preços quando o petróleo estava mais barato. Agora, poderia "queimar" antes de repassar, o que pressionaria ainda mais a inflação já alta. Mas ninguém sabe quanto tempo pode segurar – nem se há risco de que isso volte a provocar problemas financeiros para a companhia.
Calculada sobre o sistema anterior, que previa paridade em relação aos custos do mercado internacional, a defasagem dos combustíveis vendidos pela Petrobras estaria ao redor de 13%, no caso da gasolina, e de 22% no diesel.
Só nos últimos três dias úteis, o petróleo acumula alta de 6%. Por isso, o prêmio (custo extra) dos contratos do primeiro mês em relação aos seguintes disparou para o nível mais alto em vários meses.
Pausa para explicação: o petróleo é negociado com base em preços futuros, até porque a entrega do produto também é feita bem depois da data da negociação. O valor de referência é o do segundo mês à frente. Agora em janeiro, por exemplo, a cotação que baliza o mercado é a de março. Mas também são cotadas entregas para os meses seguintes, com volume de negócios muito menor.
Com o mercado de energia mais movimentado, o volume de contratos baseados no tipo brent (principal referência internacional) na bolsa Intercontinental Exchange, de Londres, quebrou em 10 de janeiro o recorde que havia sido atingido em março de 2020, pouco antes da disseminação global da pandemia de covid-19.
A gigante financeira americana Goldman Sachs estima que 25% das exportações da Rússia foram afetadas pelas novas sanções americanas. Conforme análise da companhia, o barril tende a ocupar a máxima da faixa entre US$ 70 e US$ 85.