Ao menos um integrante da equipe do ministro Paulo Guedes, o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida, afirmou que as medidas do governo Bolsonaro para amenizar a perda econômica com o coronavírus serão adotadas "aos poucos". É o que vimos até agora. O primeiro anúncio foi tímido, para o tamanho das necessidades, e com a maior parte dos recursos simplesmente antecipados, não acrescentados.
O auxílio aos informais só avançou de R$ 200 para R$ 600 depois que o Congresso se posicionou. Na sexta-feira (27), veio um complemento importante, inteligente ao driblar o risco que os bancos não querem correr, mas outra vez parcial e com liberação "em algumas semanas", conforme o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
Uma espécie de cartilha de políticas públicas elaborada pela respeitada London Economics School, ao fim de um extenso estudo sobre a doença e seus contágios físicos e econômicos, recomenda:
"As políticas públicas, sejam quais forem, precisam ser imediatas e massivas, do mesmo tamanho das perdas estimadas". Uma das advertências do estudo é a de que, "sem, ou com pouca intervenção dos governos, o custo econômico será imenso". Outra recomendação enfática é a de que a "prioridade dos governos deve ser a saúde".
A recomendação do estudo é de que as metas do programas econômicos devem ser permitir atrasos nos pagamentos de hipotecas e aluguéis, garantir pagamento de salário para funcionários em quarentena ou com contratos suspensos (no modelo layoff), assegurar que as empresas tenham caixa suficiente para pagar salários e fornecedores, especialmente para pequenas e jovens empresas, e apoiar o sistema de saúde para que uma crise de saúde não se torne uma crise financeira.
Veja o cardápio de medidas recomendadas, que têm sido adotadas na grande maioria dos países
Investimento no setor público de saúde
Alívio tributário, com redução de impostos
Criação de renda universal para quem não tem alternativa de remuneração
Programas para dar caixa a empresas
Cortar taxa de juros e criar fórmulas para aumentar a quantidade de dinheiro na economia por meio de programas de bancos centrais
Para lembrar, Estados Unidos e Reino Unido lançaram programas com recursos que passam de 15% dos PIBs de cada país. O que o Brasil anunciou até agora mal passa de 2%. O ministro da Economia, Paulo Guedes, já recalibrou o discurso. Agora, falta acelerar a velocidade, para que a resposta do Brasil às angústias de cidadãos e empresários possa ser "imediata e massiva".