Em novo dia de perdas profundas nas bolsas europeias, com todas as mais importantes – Londres, Paris, Frankfurt e Milão – operando com quedas superiores a 4%, começa a se desenhar a pior semana para o mercado financeiro global depois da grande crise de 2008. O diagnóstico é do influente jornal especializado The Wall Street Journal (veja imagem abaixo). A bolsa de Nova York abriu também em forte queda, e no final da manhã desta sexta-feira (28), tem declínio ao redor de 2%. Como na véspera, a bolsa brasileira volta a ter comportamento até mais benigno, com retração de 1,4% e dólar voltando a encostar em R$ 4,50.
O Banco Central (BC) aumentou a artilharia para conter a desvalorização do real. Além de manter a oferta de contratos que protegem da variação cambial (swap cambial), nesta sexta-feira fará leilões de linha, que vende dólares físicos com compromisso de recompra, no valor de US$ 3 bilhões. No mercado financeiro nacional, o fato de o BC oferecer novos swaps no último dia útil do mês, data em que se define um preço habitualmente usado para especulação, a chamada Ptax, dá a medida da excepcionalidade da situação.
Até ontem (quinta-feira, 28) , a bolsa de Nova York, referência para todas as demais, acumulava perda de 10% em quatro dias. Analistas ponderam que o coronavírus abriu um período que há muito vinha se prevendo: a correção da euforia dominante nos cinco últimos anos. Enquanto o Brasil sofria com a recessão e a dificuldade de retomada, a bolsa americana emplacava recordes sucessivos. Mesmo descontado esse fator, o comportamento dos mercados é atípica.
A reação não decorre apenas de incertezas, que existem, mas do temor concreto de impactos sobre a produção mundial. Das poderosas Apple e Microsoft a indústrias gaúchas, a dependência de insumos chineses ameaça a normalidade da atividade fabril, especialmente nos segmentos de eletroeletrônicos, máquinas e equipamentos e têxtil. Conforme informação de indústrias gaúchas com unidades na China, o país asiático planeja tentar retomar a atividade nos parques fabris só na próxima semana, mas como já houve projeções anteriores não confirmadas, a normalização do fornecimento ainda é uma incógnita, mesmo para quem acompanha de perto a movimentação do país asiático.