Influenciada pelo comportamento das bolsas na Europa, que caem mais de 2% – um tombo grave, para o padrão de variação desses índices –, a bolsa brasileira cai mais de 2% na manhã desta segunda-feira (27), e o dólar passa de R$ 4,21. Nos dois casos, é efeito do temor que a disseminação dos casos de pneumonia provocados pelo coronavírus. No final de semana, surgiram as primeiras tentativas de calcular o tamanho do prejuízo financeiro causado pelo isolamento de quase 50 milhões de pessoas na China e pela suspensão de eventos que fazer o dinheiro circular na segunda maior economia do planeta.
Todas as principais bolsas da Europa caem mais de 2%, o que é um comportamento inusual nesses mercados. Em Londres (Reino Unido), a queda é de 2,35%, em Frankfurt (Alemanha), de 2,66%, em Paris (França) chega a 2,75%
e em Milão (Itália), 2,06%. Outro sintoma do temor do contágio econômico do vírus são os preços das matérias-primas atreladas à velocidade da economia, como o petróleo. A referência global, o barril do tipo brent, cai 2,5%, para uma cotação abaixo de US$ 60. Por outro lado, ativos vistos como refúgios seguros em meio a crises, como ouro e títulos do Tesouro americano, passaram a subir de forma gradual, mas consistente.
Enquanto isso, no Brasil, além do nervosismo do mercado financeiro diário, o boletim Focus divulgado pelo BC nesta segunda-feira (27) trouxe pela primeira vez a projeção de corte adicional de 0,25 ponto percentual na taxa Selic, que havia chegado a um novo mínimo histórico em 11 de dezembro passado.
Depois da divulgação dos dados dos três principais setores da economia – indústria, comércio e serviços – de novembro de 2019, prevaleceu a percepção de que o otimismo havia ultrapassado o realismo nas projeções de velocidade da atividade econômica em 2020. A divulgação da prévia da inflação oficial, na semana passada, apesar do resultado discutível, parece ter reforçado a convicção dos principais agentes do mercado financeiro de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de que há espaço para mais uma poda no juro básico.