Na direção do que já havia sinalizado na reunião de outubro e confirmando as expectativas do mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a taxa básica de juros, a Selic, de 5% para 4,5% ao ano. A decisão foi tomada por unanimidade no comitê. Anunciada no final da tarde desta quarta-feira (11), a quarta redução consecutiva do indicador renova o patamar mais baixo da taxa na história do país.
Em comunicado divulgado após o término da reunião do Copom, a autoridade monetária destacou que, com a inflação controlada, "a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural".
O texto ainda relata que o processo de reformas na economia tem avançado, afirmando que “ perseverar nesse processo é essencial para permitir a consolidação da queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia. (...) A percepção de continuidade da agenda de reformas afeta as expectativas e projeções macroeconômicas correntes”
O economista e professor da Universidade de São Paulo (USP) Simão Silber diz que a recente série de cortes de 0,5 ponto percentual não surpreende e avalia que ela até demorou para acontecer. Como a inflação está abaixo da meta do Banco Central, de 4,25% em 2019, há três anos, e a recuperação da economia após a recessão vem em marcha lenta, ele acredita que já havia espaço há mais tempo para um ciclo de redução do juro. Além disso, na avaliação de Silber, medidas na área fiscal tomadas nos últimos anos ajudaram a pavimentar o caminho da queda.
— A reforma da Previdência passou e há o teto de gastos, que vem fazendo com que o déficit primário (diferença entre as receitas e despesas do governo) não cresça mais. Além disso, no mundo, de uma maneira geral, os juros nominais e reais estão baixos. Na medida que o Brasil avance na parte fiscal, não há nenhuma razão para termos juro mais alto — analisa Silber.
Após o anúncio desta quarta, a tendência é de que o ciclo de cortes na Selic esteja próximo do fim, na avaliação de Marcel Balassiano, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getulio Vargas.
— Esse cenário de queda veio em um momento de atividade econômica fraca, depois de anos crescendo pouco, e com inflação baixa. Acredito que a taxa deve ficar estável por algum tempo — afirma.
Segundo Balassiano, o juro baixo deverá motivar investimentos privados e ser um dos pilares da aceleração do crescimento do país em 2020. Neste ano, o Relatório Focus, do Banco Central, prevê crescimento de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Já para 2020, espera-se variação de 2,2% no PIB.