De 2019, já se pode dizer que inverteu a escrita nas projeções econômicas. Desde 2016, estimativas para o desempenho do PIB começavam ambiciosas e iam murchando no decorrer dos meses. Embora tenha sido semelhante até meados do ano, no final do período houve reação: as perspectivas começaram a melhorar a partir de julho. Nesta terça-feira , o IBGE confirmou avanço de 0,6% do terceiro trimestre. Ficou acima da média das expectativas, ao redor de 0,4%.
É preciso observar que é um ritmo muito moderado, abaixo do que necessita um país com 12,3 milhões de desempregados. Mas o mecanismo de aceleração, ainda que discreto, foi acionado. Agora, deve contagiar positivamente a velocidade de crescimento de 2020, porque o ritmo tende a se manter mesmo com a virada no calendário.
A maior surpresa nos dados detalhados foi o salto de 12% na indústria extrativa, puxado pela produção de petróleo. O consumo mostra reação, permitindo entrever que seja o primeiro indicador a recuperar os patamares anteriores à Grande Recessão, entre 2014 e 2016. E há outros dados alentadores. As famílias gastaram 0,8% a mais, e o investimento subiu 2%, conforme o termômetro chamado Formação Bruta de Capital Fixo. Esse dado é importante por representar uma espécie de sinalizador de velocidade futura. Significa compra de máquinas e equipamentos e avanço na construção civil, que gera muitos empregos.
A taxa de investimento acumulada ainda é baixa, de 15%, mas avança. Até setembro, o Brasil já cresceu 1%. Por isso, analistas, que mantinham a média das previsões em um cauteloso 0,99%, passaram a recalibrar as projeções para 2019 e 2020 assim que o IBGE anunciou o resultado.
A maioria agora prevê alta entre 1,2% e 1,3% neste ano e de 2% a 2,5% no próximo. O IBGE revisou a variação de 2018, que havia sido divulgada como 1,1%, para 1,3%. O desafio do quarto trimestre, portanto, é garantir um resultado que permita encerrar o ano com crescimento maior do que o do anterior. Isso quer dizer que o desempenho não é espetacular, mas dá um alento a um país que sonha com mais.