A reforma disfarçada
Anunciado na segunda-feira, o programa Verde e Amarelo deveria ser a resposta do governo para o principal problema do Brasil, o desemprego. A falta de perspectiva de renda trava o consumo e, em consequência, aumentos de produção. Mas a Medida Provisória 905, que embala a iniciativa de baixar o custo das vagas para jovens de 18 a 29 anos, acabou depositando a conta do incentivo no colo dos desempregados. Fazer o desempregado pagar pela criação de vagas é um dos piores argumentos de política pública já visto. Não bastasse isso, das 36 páginas da MP, apenas nove se concentram na geração de emprego e renda. A maior parte, 25, o que equivale a 70% do total, tem foco em mudanças na Consolidação Geral das Leis do Trabalho (CLT).
Revendas falam em "colapso" por ICMS
Mudanças em uma forma de cobrança de ICMS, chamada de substituição tributária – quando o desconto de diferentes elos de fornecedores se concentra em uma só etapa – incomodam vários segmentos da economia gaúcha. Depois de restaurantes e postos de gasolina, veio o dramático capítulo das revendas de veículos, que alegam risco de "colapso" por não poder pagar menos impostos quando dão descontos a clientes. É um novo impasse: segundo a Fazenda, como o segmento já tem corte de alíquota, de 18% para 12%, não tem direito mesmo.
Efeito "vecinos" no mercado
Só a partir da queda do presidente da Bolívia, Evo Morales, os protestos que ocorrem na América do Sul há quase dois meses impactaram o mercado financeiro nacional. Um dos motivos é a maior dependência do Brasil do gás importado da Bolívia, porque o contrato de fornecimento do combustível vence no final deste ano. A incerteza paralisou as negociações para renovação do acordo, que agora devem esperar a definição de um novo governo para avançar. Como resultado, dólar chegou a tocar a máxima nominal histórica e a bolsa interrompeu a série de recordes positivos.
Setembro anima PIB de 2019
No calendário, o terceiro trimestre havia terminado com a perspectiva de um ritmo menos arrastado do que o anterior. À medida que são divulgados os dados dos principais setores da economia, a projeção vai se confirmando. Em setembro, o setor de serviços teve alta de 1% ante agosto, e o varejo avançou 0,7% na mesma comparação. A cereja do bolo foi a alta de 0,44% do IBC-BR, no mesmo mês. O conjunto provocou uma rara onda de revisões positivas para o PIB de 2019 e, para aproveitar o embalo, também para 2020.