O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Alvo de polêmicas recentes, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não escapou do pacote de medidas anunciado pelo Ministério da Economia no último dia 5. A proposta de emenda à Constituição (PEC) do pacto federativo, uma das três apresentadas na ocasião, reduz uma das fontes de recursos para financiamentos da instituição. Com o projeto, o governo pretende cortar de 40% para 14% a parcela do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) destinada ao BNDES. O FAT é abastecido, principalmente, por recursos do PIS/Pasep.
Desde que assumiu o comando do Ministério da Economia, Paulo Guedes reforçou discurso em defesa da menor participação de bancos públicos na concessão de crédito no país. Na visão do ministro, instituições privadas podem ocupar esse espaço. A leitura, entretanto, provoca questionamentos de grupos de economistas que acompanham a trajetória do BNDES.
Segundo eles, por se tratar de um banco de desenvolvimento, e não comercial, a instituição não encontraria substitutos com a mesma capacidade de financiamento de longo prazo. Apesar de receber críticas por causa da política de empréstimos às "campeãs nacionais" na era petista, o BNDES é considerado por especialistas um instrumento para viabilizar projetos em áreas como a de infraestrutura.
A proposta do governo de reduzir a parcela do FAT gerou duras críticas de profissionais ligados ao banco. Presidente da Associação dos Funcionários do BNDES (AFBNDES), Arthur Koblitz afirma que, com a medida, o Ministério da Economia busca "inviabilizar" a instituição. Em 2018, o FAT representou 36,4% das fontes de recursos do banco.
– O objetivo é muito claro. A ideia é acabar com o BNDES. Não veem utilidade nele. Há uma agenda declarada contra o banco – critica Koblitz.
De janeiro a setembro, os empréstimos da instituição caíram 12,7% em relação a 2018, para R$ 38 bilhões.