Os tropeços na aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno no Senado, nesta quarta-feira (2) embutem risco não desprezível de acidente de percurso. Na noite de terça-feira (1), ficou claro que um dos objetivos explícitos dos senadores era obter para seus Estados mais na divisão dos R$ 106 bilhões que devem ser arrecadados com o leilão de excedentes da cessão onerosa do pré-sal. Prevista para 6 de novembro, a oferta de áreas para exploração e produção de petróleo tem expectativa de arrecadar esse valor. Nada está garantido, mas já é alvo de forte disputa.
A derrota do governo com a aprovação de emenda que retirou R$ 74,6 bilhões da conta da economia em 10 anos,
a intenção dos senadores era mandar um recado ao governo. Ao saber, o ministro da Economia, Paulo Guedes, teve a pior reação possível: retaliar. Determinou que, a cada real perdido em economia, se retire outro de Estados e municípios no pacto federativo. E tratou de vazar a informação, para deixar claro que comprou a briga com os senadores.
A aprovação final da reforma da Previdência estava, até a noite de terça-feira, a um passo da linha de chegada. A reação à derrota e à pressão insere uma distância maior, possivelmente com obstáculos a saltar, que incluem risco de tombo no caminho. Interlocutores que veem em Guedes uma inteligência excepcional apontam também a dificuldade em tolerar frustrações.
Ontem, além de vazar a ordem de retaliação, cancelou reuniões marcadas com senadores de PP, PSD e MDB.
A justificativa oficial foi a necessidade de se concentrar
na próxima reforma da fila, a da administrativa, que se seguirá à tributária. No entanto, é dos votos desses mesmos parlamentares que vai depender o futuro de qualquer reforma. Inclusive a da Previdência, que, até ontem, se considerava uma fatura liquidada. O perigo de mexer em valores é aumentar o preço.
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