O novo fracasso da tentativa de venda das ações ordinárias do Banrisul — cancelada nesta quinta-feira (19) — sugere ao governo do Estado que, em uma nova eventual oportunidade, sejam corrigidos erros apontados no mercado financeiro e entre profissionais que se envolveram na operação em algum momento do processo.
Se investidores claramente indicam preferência por comprar ações em um cenário de privatização do banco, é prerrogativa do controlador — o Piratini — deliberar sobre essa questão. Só precisa encontrar uma estratégia que sane os problemas que levaram a esse resultado frustrante. A coluna resumiu as objeções:
1. A demora na definição da nova diretoria abriu um período de sete meses de indefinição. Enquanto não ocorria a posse, a operação era preparada, mas sempre com uma incerteza no ar.
2. Os resultados do banco têm melhorado mais com a redução da inadimplência do que propriamente por aumento nas operações de crédito.
3. Embora a bolsa tenha se mantido acima dos 100 mil pontos, não há grande apetite por compras, em decorrência de incertezas internas e externas. O melhor cenário seria o de altas vigorosas, o que ocorre.
4. A operação em si foi pouco preparada. O fato relevante lançado uma semana antes da operação, na visão do mercado, revela improviso. O ideal seria ao menos entre duas e três semanas de preparação, com visitas a potenciais interessados.
5. A divulgação da intenção de mudar a estrutura acionária na antevéspera da operação, com a adoção de units (híbridos de ações preferenciais, que circulam em maior número no mercado, portanto são mais fáceis de negociar, e ordinárias, com baixo volume, portanto baixa liquidez), atrapalhou mais do que ajudou e abriu a diferença entre o preço dos dois papéis.
6. Embora não tenha sido responsabilidade do governo do Estado, a ação do ex-presidente Mateus Bandeira contribuiu para criar ruído antes da operação. Nesse caso, ter esperado só 10 dias para abrir o processo não ajudou.
7. O adiamento, publicado no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) às 4h21min de quarta-feira (18), acabou rendendo a adjetivação de "caótico" ao processo por integrantes do mercado financeiro.
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