Depois de 20 semanas de frustração de expectativas, a projeção de analistas do mercado financeiro para o desempenho da economia brasileira em 2019 voltou a crescer. O avanço é tímido, não empolga, mas provoca dose de alívio.
A estimativa para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano subiu a 0,82%, conforme dados do boletim Focus, do Banco Central (BC), apresentados nesta segunda-feira (22). Na semana passada, a projeção era de avanço pouco menor, de 0,81%.
Para Valter Bianchi Filho, sócio-diretor da Fundamenta Investimentos, a leve melhora na previsão está relacionada a chances maiores de aprovação da reforma da Previdência no Congresso. Apesar de o cenário ser visto com mais otimismo, Bianchi Filho ressalta que atuais números de setores produtivos, como indústria e varejo, ainda preocupam.
– O avanço na projeção para o PIB está relacionado à reforma da Previdência. Mas as expectativas mais otimistas ainda não provocaram virada em diferentes indicadores da economia – diz Bianchi Filho.
A estimativa de avanço de 0,82% no PIB está bem distante da previsão feita por analistas ao final do ano passado. À época, a projeção de crescimento do PIB em 2019 era de 2,55%.
Nas últimas 20 semanas, uma combinação de fatores resultou na frustração dos números. Um deles foi a turbulência entre o governo Jair Bolsonaro e o Congresso, que afetou o andamento da reforma da Previdência.
Além disso, na economia real, ingredientes indigestos como o alto nível de desemprego e a fraca demanda por produtos e serviços completaram a receita de decepção nas expectativas. A liberação de saques do FGTS, no radar do governo, pode dar estímulo de curto prazo ao consumo, pontua Bianchi Filho.