Coordenador da pós-graduação em empreendedorismo, inovação e negócios do Ibmec-RJ, Ricardo Yogui desembarca em Porto Alegre na quinta-feira para palestrar no 18º encontro do Open Innovation Brasil, na UFRGS. Na entrevista a seguir, o professor aponta transformações no dia a dia das empresas e avalia como o Rio Grande do Sul está encarando o cenário de mudanças.
Quais são os principais desafios na área de inovação nos negócios?
Há uma grande transformação digital, que está criando ciclo disruptivo acelerado. Antes, isso demorava muito. O grande desafio das empresas hoje é a mudança de mindset (mentalidade). Precisamos mudar primeiro o CPF para depois mudar o CNPJ. As empresas que nascem e entendem o conceito de mudança que vivemos hoje, por causa da transformação digital, conseguem crescer e se consolidar no mercado. Há grande desafio em relação a organizações tradicionais, que chamo de analógicas. Nasceram no período pré-internet e têm de sobreviver também. É necessária uma combinação entre o melhor do analógico e o melhor do digital.
O RS virou, em 2018, o segundo maior polo de startups do país, com 951, só atrás de SP, conforme ranking da Associação Brasileira de Startups. Como você avalia o cenário gaúcho na área?
O RS tem grandes centros de inovação, com universidades. A indústria também tem buscado relação com startups. O fato de o Estado estar passando por crise econômica contribui na busca por inovação. Muitas vezes, a crise é o processo de ignição para as coisas acontecerem. As grandes startups americanas nasceram em garagens, quase sem dinheiro. Quando a economia está indo bem, existe arrogância corporativa, com empresas que pensam que têm o caminho do sucesso.
Como a inovação pode ajudar o país na retomada da economia e qual o papel do governo nesse processo?
No Exterior, existe conceito de tripla hélice, que reúne academia, governo e indústria. Quando essas áreas interagem, começa a surgir a inovação. Quando estive na Suécia, escutei das universidades e das empresas que o grande fomentador da ação é o governo, com papel de facilitador. No Brasil, o governo tem papel forte de regulador. Precisamos que seja estabelecida dentro do poder público a questão de facilitar os processos. Não que o Estado não tente fazer isso, mas pode fazer melhor.
Com o avanço da tecnologia, qual o futuro do mercado de trabalho?
Quando as pessoas se formaram lá atrás, a visão de sucesso era fazer carreira dentro de uma empresa. As pessoas terão de ser recicladas, recapacitadas. O grande desafio das universidade hoje, além de formar engenheiros, arquitetos e administradores, é a capacidade de seguir aprendendo. A academia também precisa se reorganizar.