Não foi o desempenho do ministro da Economia, Paulo Guedes, frente à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados que decepcionou o mercado financeiro ontem. A bolsa estava em alta consistente, acima de 1%, quando começou a sessão. Terminou o dia em queda de 0,94%.
O dólar também voltou a subir levemente (0,56%), fechando a R$ 3,879. O que incomodou foi a hostilidade da plateia. Sugere que a batalha pela aprovação da reforma da Previdência será mais renhida do que se supunha.
– Ele foi coerente e firme em suas argumentações. Também ficou claro que ele não será o articulador político no Congresso. O presidente vai ter de entrar em campo – avalia Newton Rosa, economista-chefe da SulAmerica Investimentos.
O fechamento da bolsa e do câmbio ocorreu antes do fim da sessão, mas os momentos finais não devem alterar a percepção de que o governo terá de fazer um grande esforço de convencimento para que a proposta avance com consistência no Congresso. Embora parte da hostilidade tenha sido gerada por comentários irônicos de Guedes – uma de suas características –, também houve ataques deliberados sem provocação.
O foco no prejuízo aos trabalhadores mais pobres, levantado por deputados de oposição, pode reverberar entre os brasileiros já preocupados com a maior dificuldade para se aposentar. Mas até a base de apoio questionou pontos polêmicos da proposta, como a mudança das aposentadoria rurais e do Benefício de Prestação Continuada (BCP).