Durante seu esperado depoimento à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, o ministro da Economia defendeu em público pela primeira vez a adoção do sistema "nocional" (com "o") para o regime de capitalização que pretende adotar no futuro. O conceito, ainda pouco conhecido dos brasileiros, é diferente do modelo chileno com o qual a proposta de capitalização de Guedes é frequentemente associado. Apesar do bate-boca em que se transformou o debate, com ironias do ministro e ataques dos deputados, é mais um sinal do que ele projeta para o futuro da Previdência. Guedes tem dito que o sistema atual, de repartição, está condenado.
Uma das virtudes desse regime, considerado um híbrido entre o atualmente adotado no Brasil, de repartição, e a capitalização pura, é reduzir os custos de transição. Existem estimativas de que seriam necessários R$ 400 bilhões para começar a bancar o regime de capitalização.
O problema é como substituir as contribuições de quem entra no sistema, que bancam as aposentadorias em vigor, para que possa começar a acumular a poupança individual.
O modelo adotado em países como Suécia e Noruega, que têm população longeva, também é conhecido como sistema de contas virtuais. Embora sejam identificados individualmente, os recursos acumulados em cada conta não ficam isolados. De fato, continuam financiando o pagamento das aposentadorias já concedidas. O instrumento usado para manter os recursos acumulados associados ao contribuinte é um mecanismo escritural.
A remuneração das contas é calculada com base no crescimento do PIB do país, da arrecadação de impostos e nas variações de idade da população. O benefício pode aumentar ou encolher dependendo dessas variáveis. Em compensação, o sistema tem mais garantias do que contas individuais mantidas em instituições financeiras. O nome, "nocional", vem do fato de permitir que o trabalhador acompanhe quanto já tem acumulado, ou seja, tenha uma "noção" de quanto tem guardado para a aposentadoria.