Um pequeno hotel aberto há quase 30 anos em Gramado se tornou uma rede de 17 unidades
que se prepara para abrir na cidade de origem o primeiro de uma série de resorts. O Laghetto
foi fundado por Plínio Rafael Ghisleni, então corretor de imóveis nascido em Apuracana (PR), "gaúcho" desde os dois anos de idade, e o arquiteto Ronald Spieker. A bandeira que pode até confundir os visitantes – há uma dezena só na mais turística cidade serrana – prepara um salto: vai estrear no Exterior, em Punta del Este, e até 2029, quer estar entre as 10 maiores redes hoteleiras do Brasil.
Esse pacote de investimentos significa que a crise acabou?No período mais difícil, 2017 e 2018, abrimos quatro hotéis por ano.
Por que 2017 e 2018 foram mais difíceis, se a recessão foi entre 2015 e 2016?
Demorou para as dificuldades do país chegarem a Gramado. Bateram em 2017 e se agravaram em 2018, principalmente com a greve dos caminhoneiros, que afetou o feriado de Corpus Christi, foi um período bem difícil. Houve redução de fluxo, do valor da diária média também. Mas no segundo semestre, recuperou bem. Tínhamos projetos audaciosos e seguimos cumprindo os cronogramas de obra. Vencemos os desafios, mesmo com dificuldades.
Quais são os próximos passos?
Neste ano, queremos chegar a São Paulo, não tem mais como deixar de ir. Temos negócios em andamento tanto na capital quanto no interior, como Ribeirão Preto e Campinas. Florianópolis e Curitiba também.
O primeiro resort de Gramado terá venda compartilhada, em que a mesma unidade serve a 26 ou 52 famílias.
Cabem mais Laghettos em Gramado, onde já
existem 10?
Temos mais três, pelo menos. Um é projeto multiuso com a Toniolo Busnello, onde era o campo do Gramadense, com salas comerciais, mall, apartamentos. Será o Laghetto Allegro Vita. Na entrada da cidade via Taquara, vamos fazer a casa do Senhor Laghettinho, um mascote que criamos, um castorzinho. Terá 56 apartamentos. E o resort.
São hotéis próprios e em parceria?
Sim, e tem o modelo fracionado. O primeiro resort de Gramado terá venda compartilhada.
A mesma unidade serve a 26 ou 52 famílias, para uso por uma ou duas semanas ao ano. Entramos para organizar o empreendimento. Neste modelo, temos um segundo projeto em Canela e vamos avançar para Foz do Iguaçu e o Nordeste. Também em Punta del Este. Por lá, ainda não existe essa forma de venda.
Que tipo de empresa é a Laghetto?
Na essência, é uma administradora hoteleira que participa da elaboração e da construção de projetos e nas incorporações. Em Pelotas, fizemos parceria com o Esporte Clube Pelotas. No estádio Boca do Lobo, vamos construir na esquina. Como no Bayer Leverkusen, vamos ter apartamentos voltados para o campo. Vamos lançar neste ano em que o Pelotas veio para a primeira divisão, e tudo indica que vai se manter. Vamos entrar com 20% do projeto. Os associados do clube são mais fanáticos do que gremistas e colorados, e vão comprar para levar a família, ver o jogo do quarto (risos). Nos dias sem jogo, funcionará como hotel convencional.
A meta é estar entre as 10 maiores redes nacionais até 2029. Hoje, estamos em 25º lugar.
Quantos são os sócios?
Na Laghetto, somos eu e Ronald Onofre Spieker, filho do Ronald Spiker, que fundou o hotel comigo. Ele criou uma holding, abriu espaço de 20% da fatia dele para 35 funcionários e colaboradores terem parte nos negócios. Estou caminhando nesse sentido. Está dando muito certo, todo mundo ficou feliz. A ideia é envolver as pessoas, torná-las mais engajadas, participativas.
Qual é a ambição da empresa?
Nossa meta é estar entre as 10 maiores redes nacionais até 2029. Hoje, estamos em 25º lugar. O foco é mais nacional, temos de expandir, mas sempre com o DNA gramadense, para levar Brasil afora e agora até no Exterior, em Punta.
Como será o primeiro resort de Gramado?
O Golden Resort terá 345 apartamentos, em terreno de três hectares, na estrada para Nova Petrópolis, a três quilômetros do centro. Serão seis prédios de cinco andares, já em construção. Terá área de lazer de 5 mil metros quadrados, piscinas em dois andares, quadras esportivas. Tem valor geral de vendas de R$ 450 milhões. O sócio é Waldo Parlmerston, neto do fundador da Pousada do Rio Quente, de Goiás.
Vamos entregar o Golden e partir para o segundo resort, em Canela.
Como nasceu essa sociedade?
Em 2014, fomos conhecer os empreendimentos dele em Porto Seguro e convidamos para ser nosso sócio. O Golden é o primeiro projeto. Obtivemos financiamento de R$ 129 milhões na XP Investimentos. Fizemos o contrato em março de 2018, e antecipamos a obra em um ano, será entregue em dezembro de 2020. Para obter financiamento desse porte, tem que provar muito, o que nos orgulha.
E o de Punta del Este?
No mesmo padrão, térreo mais cinco andares, com coberturas diferentes. Terá 500 apartamentos na região de Rincón del Índio, no caminho de Barra de Maldonado. A sociedade é com dois argentinos no negócio, um de Bariloche – pensamos em investir lá, também –, outro de Buenos Aires.
Há mais projetos?
Vamos entregar o Golden e partir para o segundo resort, em Canela, na Aldeia da Mamãe Noel. Vamos restaurar uma casa construída em 1915. A venda de fracionado foi regulamentada e, embora assuste na hora da venda, é bem interessante. Em vez de gastar R$ 500 mil, R$ 600 mil em um apartamento, gasta R$ 50 mil e usa de forma compartilhada. Como Uber e Airbnb, é mais racional.