Foi uma decepção a economia líquida de R$ 10,45 bilhões em 10 anos proporcionada pela “parcela de sacrifício” dos militares na reforma da Previdência. Ao apresentar o projeto que estabelece mudanças na chamada proteção social para as Forças Armadas, o ministro Paulo Guedes chegou a falar em economia de R$ 100 bilhões para esse período.
A bolsa havia perdido quase mil pontos em 15 minutos diante da pesquisa do Ibope que mostrou queda de 15 pontos na avaliação popular ao governo Bolsonaro – portanto, mais dificuldade na tramitação da reforma. Ao ouvir Guedes, reagiu. Por meia hora. O índice voltou a desabar ao constatar que, na conta de exatos R$ 97,3 bilhões em economia com redução de idade para a reserva e aumento de contribuição, entravam R$ 86,85 bilhões de reestruturação da carreira. Isso significa aumentos salariais para militares por adicionais de habilitação (cursos) e de disponibilidade, além de gratificação de representação.
Ao tentar explicar porque a tal “parcela de sacrifício” corresponderá a 1% da economia ambicionada por Guedes para a Previdência como um todo, Bruno Bianco, secretário-adjunto de Previdência e Trabalho, afirmou que o governo quis dar transparência aos dois movimentos relacionados às Forças Armadas e sustentou que a contribuição é, sim, de quase R$ 100 bilhões.
A transparência tem mérito. Mas quando o Brasil discute corte nos benefícios para idosos de R$ 998 para R$ 400 no bojo da reforma da Previdência, mais penduricalhos para uma categoria, por mais importante que seja para o país, é um recado no sentido errado.
Mesmo na economia sem o desconto, o “sacrifício”era suave, perto do exigido dos demais brasileiros. Inclui pouco mais do que o aumento da contribuição de 7,5% para 10,5% de forma gradual, que começa em 2020 e só chega ao total em 2022, e do tempo de serviço exigido, de 30 para 35 anos. No país dominado por um debate sobre como se manter no mercado de trabalho até os 65 anos, idade mínima do Regime Geral, ficou muito assimétrico.