Basta comparar o prazo de transição da reforma da Previdência proposta no governo Temer, de 20 anos, e o apresentado pelo de Bolsonaro, 12 anos, para perceber que o jogo endureceu. O problema é que Temer e seus articuladores perderam a batalha da comunicação que a equipe do superministro Paulo Guedes mal começou a travar.
Combinadas, as únicas duas informações oficiais sobre a proposta – idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens, com 12 anos para que essa barreira passe a valer – embutem algum espaço para que o Congresso suavize os termos da aposentadoria. O conjunto da obra só será conhecido na próxima quarta-feira, embora comecem a ser detalhados pontos cruciais como o funcionamento do prazo de transição (leia mais na página 16). Três situações foram delineadas – pontos de corte de idade aos 56 (mulheres) e 60 (homens), dois anos após a aprovação para se aposentar com 35 anos de contribuição e um sistema de pontos.
Um dos problemas é que ainda não se sabe como as três se combinam. Pelo que a coluna apurou na Secretaria Especial de Previdência, a intenção é permitir que a regra de pontuação, que soma idade ao tempo de contribuição, se sobreponha ao corte de idade. Seria uma forma de suavizar a dureza da idade e do tempo relativamente curto de transição.
Embora o detalhamento do período de transição seja uma das prioridades da campanha de esclarecimento à população planejada pelo governo, foi comunicado de forma confusa. É possível, ainda, que o pacote completo da reforma guarde durezas ainda não expostas, como a desvinculação entre o menor benefício pago aos segurados e o salário mínimo e a redução do teto dos pagamentos, vinculada ou não à adoção do regime de capitalização. As duas propostas estão sobre a a mesa do grupo de avaliação. Uma equação justa, que inclua todas as categorias – inclusive a dos militares – é fundamental para que o entendimento dos segurados seja aliado da reforma.