Em outubro, a produção nas fábricas de sapatos cresceu 6,6% na comparação com o mês anterior. Foi um alívio para um dos segmentos afetados pela redução no consumo de produtos cuja compra pode ser adiada. O dado, elaborado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) com base em dados do IBGE, é um alívio para o setor, embora ainda não tenha eliminado o resultado negativo acumulado no ano, de 2,6% de janeiro a outubro.
– A esperada reação do mercado doméstico finalmente apareceu – afirma Heitor Klein, presidente da Abicalçados. – Tem gente apostando que vai ser um final de ano relativamente compensador.
Além de mais compras dentro do país, Klein relata que há mais encomendas do Exterior. Embora seja temporada de embarques decorrente das encomendas da estação, detalha que o movimento que se vê agora não ocorreu no semestre passado nem no segundo semestre de 2017.
– Esse aumento na exportação é decorrência da temporada de negociações de julho a setembro, então os embarques começam a ocorrer agora. Mas agora há duas diferenças: a cotação favorável do dólar (para o exportador, quando mais alta, melhor) e há um fator ainda novo, que torna difícil avaliar o tamanho da contribuição, que é a guerra comercial entre Estados Unidos e China – relata.
Embora os calçados chineses ainda não tenham sido alcançados por cobrança de sobretaxa para entrar nos EUA, Klein afirma que os americanos passaram a comprar mais do Brasil por precaução.
– Como Trump vem ameaçando, o importador fica receoso, porque, de repente o Trump amanhece de mau humor e resolve impor medida do dia para a noite. O que se percebeu é que alguns compradores começaram a fazer encomendas no Brasil novamente. O quanto isso vai avançar, ainda mais agora que parece que querem se entender, ainda não se sabe.
Com a mesma cautela que recebe o bom resultado de outubro, Klein observa que não há uma crise específica da indústria calçadista:
– Se há uma crise setorial, é do setor de consumo leve.
Como o Estado tem grande concentração de fábrica de calçados, as dificuldades são mais percebidas por aqui do que as das indústria têxtil, por exemplo, que também teve um ano difícil.