Na reta final de 2018, a bolsa de Nova York, quem diria, entrou em movimento de montanha-russa típico dos países emergentes. Na quinta-feira (27), chegou a perder 3% para fechar com 1% de alta. Com sua principal referência instável, a bolsa brasileira manteve a cautela que vem marcando os últimos dias úteis do ano e fechou quase estável, com avanço de 0,07%.
O que chama atenção no ano da B3, nome oficial da bolsa de São Paulo, é a fuga de investidores estrangeiros. Até o dia 20, informou a instituição, o saldo negativo atingia R$ 11 bilhões. A despeito da recessão de 2014 a 2016, será o primeiro ano com saldo negativo desde 2011.
– Além das questões externas, como alta de juro e a guerra comercial dos Estados Unidos, uma questão interna importante é o fato de o Brasil não tomado a direção do ajuste fiscal. A casa está bagunçada, há muita insegurança nos ambientes institucional e fiscal. Toda hora muda a regra do jogo – avalia Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating.
A insegurança jurídica tambem é apontada como espantalho de investidor externo por Newton Rosa, economista-chefe da Sulamerica Investimentos:
– O ambiente de negócios no Brasil já não é muito bom, reviravoltas e intervenções jurídicas aumentam a incerteza.
O contraste com o otimismo de investidores e especuladores nacionais em relação ao novo governo é relativizado pelos dois analistas. Ambos avaliam que há expectativa, ainda na dependência de ser confirmada.
– Quando a gente é passageiro no veículo, fica meio inseguro com quem está no volante. O maior risco é o presidente eleito querer tomar as rédeas e entrar em conflito com as ideias de Paulo Guedes – adverte Agostini.
– Aqui não está tudo bem. As divergências internas dos governos nem sempre são pacíficas. É preciso esperar o que vai acontecer e ver qual é a efetiva governabilidade em 2019 – completa Rosa.
Com mudança de humor lá fora, vai ser preciso que dê tudo muito certo internamente ao longo do ano para a volta dos estrangeiros.