O comportamento do mercado financeiro no Brasil na volta à atividade, com dólar em alta de 0,64%% e bolsa com baixa de 0,65%, vai para a conta das estrepulias de Natal de Donald Trump. O presidente dos Estados Unidos, conhecido pelo peculiar tom alaranjado da pele, optou pela fantasia do verde Grinch das lendas natalinas americanas. Popularizado pelo cinema, é o personagem que se dedica a estragar a alegria alheia, especialmente relacionada ao Natal.
A menos de uma semana do Natal, Trump explicitou uma chantagem contra o Congresso dos EUA: ou aprovava verba cinco vezes maior do que a prevista para a construção do muro na fronteira do México, ou ele permitiria o shutdown (fechamento de serviços públicos). Na véspera, vazou a informação de que a demissão de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) foi considerada. Detalhe: o Fed tem autonomia.
A mudança de coloração teve até episódio de conto de Natal quando Trump, em telefonema que deveria ser de relações públicas, perguntou a um menino americano se ele ainda acreditava em Papai Noel. Para quebrar o feitiço do Grinch, foi preciso que Kevin Hassett, assessor econômico da Casa Branca, garantisse nesta quarta-feira (26) que Powell está “100% seguro” no cargo. Deu tempo de impedir que um importante indicador, o S&P 500, entrasse em fase de declínio (bear market), território no qual afundaram ao menos quatro termômetros, entre os quais o principal da Nasdaq, de tecnologia.
A definição é queda superior a 20% em relação ao pico do ciclo de alta. A bolsa de Nova York respirou aliviada e subiu 4,89%. Não contagiou o Brasil porque a primeira reação, na retomada da atividade, foi acompanhar a forte queda anterior. As relações públicas exigiram investimento maior do que telefonemas, e Trump apareceu de surpresa no Iraque. Tem torcida para que fique por lá.