Depois de furar o piso informal e encerrar abaixo de R$ 3,70 no dia anterior, pela primeira vez desde 25 de maio, o dólar comercial voltou a subir 1,16% nesta quinta-feira (18), para fechar em R$ 3,725 . Perto do fechamento, a perda do real se acentuou com a informação dada por agências de notícias de que o atual presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, prepara-se para deixar o cargo. Isso não quer dizer que vá sair em seguida, mas derruba a expectativa de que pudesse ficar na presidência em um eventual governo de Jair Bolsonaro (PSL). Integrantes da campanha haviam sinalizado que Ilan seria convidado a permanecer.
Perto do fechamento, a bolsa de valores caía 2,24%, bem acima da queda do índice Dow Jones (-1,27%), o mais tradicional de Nova York. Durante vários dos últimos dias, o mercado financeiro no Brasil escolheu ignorar o cenário externo, animado com pesquisas que mostraram ampla vantagem do candidato Jair Bolsonaro (PSL). Nesta quinta-feira (18), porém, o "rali Bolsonaro" perdeu fôlego. Analistas consideram que a vitória do candidato favorito já está embutida nos preços dos ativos e agora busca mais informação sobre programa e integrantes do governo.
Nos últimos dias, disputas em torno do plano de governo de Bolsonaro opondo o grupo de economistas do grupo dos militares geraram inquietação sobre qual será o resultado do embate. Quem está na coordenação-geral é o general Oswaldo Ferreira, que tem restrições à privatização, por exemplo, da Transpetro, estatal de transporte de óleo e gás envolvida na Operação Lava-Jato.
Nesta quinta-feira, surgiu a informação de que o núcleo militar exigiria a implantação de golden shares (ações especiais que dão ao governo o direito de vetar decisões de gestão das quais discorda) para boa parte das estatais a serem privatizadas, o que reduziria seu valor de mercado. Não por acaso, a maior queda nas ações de estatais na bolsa é a da Petrobras (2%), também em decorrência da redução do preço internacional do petróleo. Eletrobras (-0,61%) e Banco do Brasil (-0,63%) completam o "kit eleições" em dia de baixa.
Desde a semana passada, a bolsa de Nova York e a maioria das europeias enfrentam turbulência cuja origem específica nem os economistas mais reputados ousam explicar em detalhes. Há preocupação com a aceleração do crescimento da economia americana e, em consequência, de elevação mais brusca do juro de referência. Nesta quinta-feira (18), o The Wall Street Journal atribui a queda do indicador aos temores sobre o aumento da tensão das relações entre Estados Unidos e Arábia Saudita, provocado pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.