A nova pressão sobre o câmbio levou o dólar a fechar em R$ 3,897 nesta segunda-feira (13), ainda por conta da crise na Turquia. Durante o dia, a moeda americana chegou a ser cotada em R$ 3,92, mas perdeu força no final da tarde. A alta de 0,94% foi menor do que o salto de quase 1,6% na última sexta-feira, quando o tremor turco começou a contagiar os mercados. É bom lembrar que, há duas semanas, o dólar ainda rodava no patamar de R$ 3,70. A bolsa de valores, ao contrário, encerrou o dia em forte alta 1,28%, sem ainda se recuperar do tombo de 2,86% de sexta-feira.
Para quem se surpreende com a capacidade de provocar turbulência do país que faz ponte entre Europa e Ásia, é bom lembrar que não se trata apenas de uma economia em crise. Como lembrou a Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos na sexta-feira, em momentos como este alguns investidores institucionais, como fundos, são obrigados a desfazer aplicações não apenas no país diretamente afetados, mas também em economias semelhantes. Sem contar os que saem por conta e risco. Quer dizer, a Turquia treme, mas a fuga ultrapassa suas fronteiras. Isso ajuda a propagar a instabilidade, como no episódio que envolveu a Argentina, em maio.
A onda de desconfiança sacode todos os emergentes. Quanto maiores as dúvidas sobre a solidez de cada um, maior o efeito. Não por acaso, o Brasil é um dos mais impactados. Além de ter dívida pública e déficits crescentes, o país do real enfrenta uma eleição sem previsibilidade, que eleva interrogações sobre seu futuro.
A Argentina sofreu ainda mais e teve de elevar a taxa de juro básica, de já estratosféricos 40% ao ano, para 45%, a mais alta do mundo. África do Sul, Indonésia e México também baquearam.
Na Turquia, a inquietação começou pela dívida de US$ 350 bilhões, a maior parte do total contratada em dólares. O embargo e as sobretaxas a produtos turcos impostos por Donald Trump apenas acrescentaram temores sobre o país. Ainda que tenha âncora na racionalidade, a reação de câmbio e bolsa é sempre exagerada. No Exterior, o dia foi apelidado de Manic Monday (segunda-feira maníaca).