Além das dificuldades internas, a indústria nacional também é alvo de incertezas que rondam o cenário internacional. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) reduziu sua projeção para a alta nas exportações de produtos fabricados em 2018. Entre os manufaturados, o avanço estimado pela entidade para os embarques ao final do ano, em relação a 2017, passou de 4,3% para 2,3%. A previsão é de que os negócios gerem US$ 82 bilhões ao país.
Presidente da AEB, José Augusto de Castro avalia que a baixa tem relação com a crise atravessada pela Argentina, que recuperou, em 2017, o posto de maior importadora de manufaturados brasileiros. A liderança havia sido perdida em 2014 para os Estados Unidos.
De todos os manufaturados enviados ao Exterior, o país comandado por Mauricio Macri abocanha cerca de 30%, conforme a AEB. A importância dos vizinhos também é ilustrada pelo recebimento de cerca de 80% das exportações de automóveis brasileiros, frisa Castro.
– A Argentina está em uma grande crise. O Brasil é afetado porque depende muito desse mercado – ressalta o dirigente.
A AEB também apresentou sua revisão nas expectativas para todos os demais componentes da balança comercial. A projeção é de que o país tenha superávit (valor das exportações superior ao das importações) de US$ 56,3 bilhões em 2018. Caso seja confirmado, o resultado representará recuo de 15,9% em relação aos US$ 67 bilhões de 2017.
– O superávit deve ser menor do que o do ano passado. Mesmo assim, será um ótimo resultado. A questão é que esse não é um aspecto gerador de atividade econômica e de empregos – pondera Castro.
Apesar das incertezas causadas no cenário internacional pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, o presidente da AEB afirma que o embate entre
as duas potências "ainda não trouxe impactos" para cá. Na visão de Castro, para aumentar seus negócios no Exterior, o país precisa trabalhar na redução do chamado custo Brasil.
– Há muitos custos logísticos no país, o que dificulta exportações – lamenta o dirigente.