Como se previa, o efeito calmante dos leilões de linha (venda física de dólares, com obrigação de recompra posterior) do Banco Central, de US$ 2,5 bilhões, não duraram muito. O dólar deu um salto na manhã desta quinta-feira (30) e ao meio-dia alcançou cotação de R$ 4,20 no mercado comercial à vista. Caso feche – o que é bastante provável, a essa altura – acima de R$ 4,1631, será a maior cotação nominal de toda a história do real.
Novamente, o dólar se valoriza frente a diversas moedas de países emergentes. Na Argentina, o peso chegou a alcançar 39 pesos e obrigou o banco central do país a elevar a taxa anual de juro para 60%. O governo de Mauricio Macri está em crise e se discute uma mudança ministerial.
O país tenta antecipar o recebimento dos recursos do socorro negociado com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Há temor de que a crise cambial leve o país a não ter dólares suficientes para bancar seus compromissos com pagamento de dívidas anteriores e até para importadores.
A alta do dólar é quase generalizada depois que a Casa Branca fez um comunicado oficial em que acusa a China de boicotar os esforços dos Estados Unidos para que a Coreia do Norte aceite eliminar sua armas nucleares. Mas analistas de mercado também apontam efeito de pesquisa eleitoral que mostra alta transferência de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para seu virtual substituto, Fernando Haddad.
Parte do estresse vem da expectativa de uma "súper sexta-feira", que concentra divulgação do PIB do segundo trimestre, formação de Ptax (cotação do dólar para efeito de realização de contratos), julgamento do registro da candidatura de Lula e o início da propaganda eleitoral no rádio e na TV.