Nas análises pré-mercado, estava previsto um dia calmo, sem pressão sobre dólar e bolsa no Brasil. Não havia pesquisa nem expectativa de divulgação de algum indicador relevante que poderia estressar o mercado financeiro. Na manhã desta terça-feira (28), porém, o dólar comercial cruzou a marca de R$ 4,14, chegou a moderar a elevação durante a tarde mas fechou perto da máxima do dia, em R$ 4,141. A alta foi de 1,48%, uma das mais fortes da atual fase de disparada cambial.
Analistas não veem "notícia local relevante" que justifique a alta. Como o dólar se valorizou ante a várias outras moedas de países emergentes, a explicação é uma nova onda de aversão global ao risco.
Uma das explicações para a surpresa com o desempenho da moeda norte-americana é a melhora de um indicador nos Estados Unidos, mais precisamente a Confiança do Consumidor. Esse índice atingiu 133 pontos, a máxima da série histórica iniciada em 2003. A maior marca anterior era de 126. A leitura do mercado é que, se o consumidor está mais confiante e vai aumentar as compras, a inflação pode subir. Com isso, a inflação pode subir, portanto, o Federal Reserve (banco central dos EUA) seria levado a concretizar as quatro puxadas no juro americano já esboçadas para este ano.
Quando aumenta a remuneração dos papéis americanos, há deslocamento de investimentos financeiros para o país, saindo de países emergentes, a maioria das moedas desses mercados se desvalorizou frente ao dólar. Lira turca, peso argentino e peso colombiano foram as três mais impactadas, todas enfrentando desvalorizações mais pronunciadas do que o real.
Só em agosto, o titulo que representa a percepção de risco dos investidores internacionais sobre o Brasil subiu 34%. É o Credit Default Swaps (CDS), espécie de seguro contra calote na dívida de países emergentes. Apesar da falta de novidades sobre a campanha eleitoral, analistas apontam o fato de que o Brasil, embora não enfrente risco cambial tão elevado quanto o de outros países, por conta das robustas reservas internacionais (US$ 381 bilhões), está fragilizado pela insegurança sobre o futuro das finanças públicas.