No Exterior, o dia foi de calmaria, depois – e talvez antes – da tempestade. A viagem a Washington do vice-ministro do Comércio da China, Wang Shouwen, sugeriu trégua na guerra comercial entre seu país e os Estados Unidos. Bolsas na Europa subiram, e a de Nova York avançou robustos – para padrões locais – 1,58%.
Mas logo depois das 12h30min, um boato sobre um dos candidatos favoritos do mercado, Geraldo Alckmin (PSDB), azedou o humor dos investidores. Houve queda vertiginosa de um ponto percentual. Não se confirmou, houve reação, mas era tarde demais. A bolsa não retomou a velocidade anterior e acabou fechando em leve recuo, de 0,34%. O dólar, que havia começado o dia em baixa, encontrou desculpa para subir, embora muito pouco (0,12%), para R$ 3,095.
Analistas diagnosticaram: a campanha começou e vai reforçar a temporada de boatos. É uma brincadeira com a temporada de balanços, quando as empresas que negociam ações na bolsa comunicam resultados. Que, surpreendentemente, foram bons. Especialmente com um cenário pouco definido, essa estação fértil em especulações, por temor ou interesse – boatos que provocam reações em ativos geram ganhos – deve se esticar até outubro.
A mesma incerteza que domina a campanha também marca os indicadores da economia real. Depois do pouco animador resultado do Indicador de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que caiu 0,99% no segundo trimestre ante o anterior, foi dia de o IBGE anunciar número recorde de pessoas que desistiram de procurar emprego. Esse comportamento, conhecido como “desalento”, indica baixa confiança na capacidade de reação da economia.
Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 4,8 milhões de brasileiros que não têm fonte de renda constante simplesmente não buscaram uma vaga no mercado formal, É o maior contingente da série histórica, iniciada em 2012. O número ainda supera um recorde anterior, no primeiro trimestre (4,6 milhões). Esses brasileiros desesperançados vão votar. Precisam encontrar discurso e atitude confiáveis.