O mandado de prisão emitido nesta quinta-feira (5) pelo juiz Sergio Moro ocorreu logo depois do fechamento da bolsa de valores, portanto não impactou o humor de investidores. Para o mercado, era uma decorrência ao menos parcialmente "precificada", ou seja, incluída na alta ou baixa de ações e outros ativos.
– Para o mercado, Lula é carta fora do baralho. Essa foi a avaliação da decisão de ontem (quarta-feira, 4) – disse à coluna Newton Rosa, economista-chefe da Sul America Seguros, pouco antes da emissão da ordem.
A decisão a que se referiu foi a tomada no dia anterior pelo Supremo Tribunal Federal (STF), abrindo caminho para a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A bolsa fechou com alta de 1,1%, depois de ter registrado pico de quase 2% durante o dia. Outro olho estava em Nova York, cuja recuperação também ajudou no melhor desempenho.
Ao mesmo tempo, havia cautela diante da previsão de que hoje será divulgada a situação do mercado de trabalho nos Estados Unidos, essencial para a definição do ritmo da alta do juro americano. A reação desta sexta-feira nas ações e no câmbio vai depender da combinação do alívio com a inviabilização da candidatura de Lula com a perspectiva nos EUA.
No Brasil, apesar da ordem de prisão, ainda há incerteza sobre o cenário eleitoral e dúvidas sobre a situação jurídica e política do presidente Michel Temer, sob risco de uma terceira denúncia, além da nova postura das Forças Armadas.
Como se tornou característico em reações a questões políticas, ações de estatais ficaram entre as mais valorizadas. Banco do Brasil subiu 3,73%, Petrobras, 2,73%, e Eletrobras, 1,93%. Papéis ligados a commodities também avançaram, beneficiados pela percepção de que EUA e China entrarão em negociações antes de partir para a guerra comercial.