A leitura consensual de que a origem do protecionismo Donald Trump é política, não econômica – quer maioria nas eleições para o Congresso em novembro – não tranquiliza quem tem negócios com o Exterior. José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), avalia que, por ora, o que existe é uma "escaramuça comercial", ou seja, ainda não é guerra. Mas está inquieto com a probabilidade de que evolua, diante das retaliações às ofensivas de Trump. Se isso ocorrer, os países que enfrentarão o maior impacto não devem ser os diretamente ligados à disputa:
– Quem vai pagar essa conta são países emergentes, como o Brasil. Não há ganhos pontuais que compensem.
Castro avalia que ainda é cedo para avaliar todas as consequências econômicas da adoção, agora recíproca, de salvaguardas. Apesar de envolver cifras elevadas para o padrão do comércio exterior brasileiro, a disputa que opõe Estados Unidos e China, até agora, não é percentualmente significativa diante dos números das duas maiores economias do planeta.
O comércio entre os dois países totalizou, em 2017, US$ 635 bilhões, entre importações e exportações. Embora os dois países tenham anunciado tarifas sobre listas de produtos cujo intercâmbio, somado, alcança US$ 100 bilhões, o efeito não é imediato nem soma essa quantia. A expectativa é de que, ao anúncio da China, siga-se um período de negociação.
– Trump faz os anúncios políticos, inclusive ao lado de trabalhadores, como foi no caso do aço, mas em seguida entre em cena a equipe técnica, que pode reduzir os danos.
Nesta quarta-feira (4), a reação ao anúncio de retaliação da China foi a queda de preços de commodities, tanto mineiras, como petróleo, como agrícolas, como soja e milho. À medida que cumpre promessas de campanha, Trump espera fortalecer seus candidatos.