Se ainda havia dúvida sobre a disposição de o presidente Donald Trump deixar o protecionismo só no discurso, foi eliminada neste início de março. O anúncio de cobrança de sobretaxa sobre aço e alumínio fez a bolsa de Nova York desandar, arrastando outros mercados, inclusive o do Brasil.
A União Europeia avisou que pensa em retaliar, elevando tarifas de importação de produtos americanos, de motos Harley Davidson a jeans Levi’s. Criou-se o clima de guerra comercial. E como Trump se manifestou sobre o risco? “Guerras comerciais são boas”, tuitou na manhã da sexta-feira. Até pode ser, comparadas às escaramuças do presidente americano com o “colega” Kim Jong-Un, da Coreia do Norte.
O comércio global mais fluido, sem tantas barreiras, foi até agora um aliado da recuperação após a Grande Recessão da virada da década. Caso as represálias escalem, como se teme, podem travar o processo.
Trump escolheu bem o momento para tirar essa arma da gaveta. Seu maior rival entre os líderes mundiais, o chinês Xi Jinping, da China, abortou a ascensão de sua popularidade ao demonstrar que tentará se eternizar no poder com o fim da restrição de número de mandatos.
E só o presidente americano ficou feliz. O brasileiro Roberto Azevêdo, que preside a Organização Mundial do Comércio (OMC), vê risco real de multiplicação de medidas protecionistas. O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que a medida pode prejudicar não só os demais países, mas também a própria economia americana.
O preço de produtos vendidos em latas de alumínio, como cerveja e sopa, pode subir. Isso pressionaria a inflação nos EUA, acentuando a necessidade de alta no juro. Empresas como Boeing, Caterpillar, Ford e General Motors, grandes consumidoras de aço, sentiram o baque nas ações.