Resta pouca dúvida de que a economia se descolou do tumultuado cenário que combina política, investigações, segurança pública e a improvisada intervenção federal no Rio de Janeiro. Mas por mais que o IBGE atribua à sazonalidade o recrudescimento do desemprego – subiu de 12,6% no trimestre até janeiro de 2017 para 12,2% no período até janeiro de 2018 –, não era o que se esperava. Mesmo quem sabe que janeiro é mês de desligamento de temporários, a expectativa era de taxa em 12%.
Sabe-se que o desemprego é o último dos indicadores a apresentar melhoras depois de uma recessão longa e profunda como a enfrentada pelo Brasil. Mas se houvesse tanta confiança, uma parcela maior de temporários seria retida, e o desemprego manteria sua trajetória de despiora lenta e gradual. O pouco avanço que houve nos meses anteriores é baseado em empregos informais. O volume de vagas com carteira assinada segue em queda e agora só 33,3 milhões de brasileiros trabalha sob a CLT.
Nesse ponto, a indefinição da Justiça do Trabalho sobre o tratamento que será dado à reforma trabalhista impede que os esperados efeitos das mudanças alcancem o mercado. As dúvidas são tantas que o novo presidente do Tributal Superior do Trabalho (TST), João Batista Brito Pereira, achou relevante informar ao tomar posse, na segunda-feira, que a reforma será cumprida.
Ainda há muitas dúvidas sobre o efeito concreto das mudanças. Vão, de fato, criar postos de trabalho que robusteçam a renda e, em sequência, consumo e produção, ou acentuarão a precariedade no mercado de trabalho? Mas ao menos para permitir um diagnóstico, é preciso saber o que vale e o que não vale. Há dúvidas até agora, mais de quatro meses depois da aprovação. Apesar de afirmar que a prioridade do TST é implantar a nova regra, Brito Pereira avisou que isso depende de avaliação de uma comissão montada para analisar a lei.
Pediu paciência. Seria conveniente pensar nos 12,3 milhões que buscam uma vaga.