O mercado financeiro abriu esta semana da mesma maneira como encerrou a passada: de bom humor e com quebra de recorde. Ao final da sessão desta segunda-feira (26), a bolsa de valores de São Paulo subiu 0,41% e abraçou os 87.652 pontos, o maior nível de sua história. A elevação tem sido sustentada mesmo com o cancelamento da votação da reforma da Previdência e mais um rebaixamento na nota de crédito do Brasil, decretado na sexta-feira pela agência de classificação de risco Fitch.
– Os dois fatos foram antecipados pelo mercado. Já era esperado que a reforma não seria aprovada. E, antes da Fitch, a Standard & Poor’s também havia rebaixado a nota do país – menciona o economista João Fernandes, da gestora Quantitas.
Embora não tenha mantido o patamar até o final do dia, a bolsa alcançou nesta quarta-feira, pela primeira vez na história, a marca de 88 mil pontos durante um pregão. A recente quebra de recordes começou no segundo semestre do ano passado e foi intensificada a partir de janeiro. Só em 2018, o Ibovespa renovou seu nível histórico de fechamento em 17 sessões. Para Fernandes, o bom humor do mercado espelha uma combinação entre fatores internos e externos:
– A economia brasileira está retomando o crescimento. Isso é observado na melhora de resultados de empresas. No cenário externo, há um ambiente tranquilo, com crescimento forte nos mercados emergentes.
A quebra de recorde na bolsa nesta quarta-feira foi a quinta em sequência. Em 2017, a alta acumulada foi de 27%. Neste ano, o avanço até o momento chega a 14,2%.
– A inflação continua surpreendendo no país, e suas projeções vêm sendo revisadas para baixo por analistas. Além disso, o juro segue caindo. São aspectos que contribuem para a bolsa continuar crescendo – sublinha Fernandes.
O economista acrescenta que, nas próximas sessões, o mercado deverá seguir no azul. Mas faz um alerta: se a nuvem de incertezas relacionadas às eleições não se dissipar com a proximidade da corrida eleitoral, o avanço poderá perder força.
– Esse é o principal evento de risco que está no cenário. O mercado quer a continuidade da agenda de reformas no país. Se haverá grandes indefinições sobre o próximo presidente, não vejo muito espaço para a bolsa continuar batendo recordes – projeta Fernandes.