Com o rebaixamento da nota pela Fitch, nesta sexta-feira (23), o Brasil ficou ainda mais longe do selo de bom pagador de sua dívida. Na avaliação da agência de classificação de risco, o país caiu de BB para BB-. Em termos práticos, isso significa que o Brasil fica três degraus abaixo do nível de qualidade média para atrair investimentos.
Em seu comunicado, a Fitch escancarou que a suspensão da votação da reforma da Previdência pesou na decisão. Para a agência, o abandono da pauta representa “importante revés na agenda” do país. Com a medida, a Fitch segue na mesma direção da Standard & Poor’s (S&P), que em janeiro também havia anunciado o rebaixamento do rating brasileiro.
– A Fitch não surpreende. No rebaixamento anterior (no mês passado), ainda havia a expectativa de a reforma ser analisada em fevereiro. Com a intervenção federal no Rio de Janeiro, a votação ficou para 2019 em diante. – diz o pesquisador Marcel Balassiano, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Outra questão que intriga a Fitch é a incerteza que cerca as eleições de outubro. “O cenário político continua desafiador”, descreveu a agência.
– As eleições serão mesmo o grande vetor de volatilidade dos mercados neste ano – frisa Balassiano.
Na sexta-feira, a bolsa de valores de São Paulo abriu em alta e passou a ter leve recuo após a Fitch confirmar o rebaixamento. O desempenho negativo, entretanto, durou pouco. Ao fim da sessão, a bolsa subiu 0,7% e fechou pela primeira vez na história acima dos 87 mil pontos.