Era questão de tempo. No final do ano passado, quando o governo federal confirmou o adiamento da reforma da Previdência para fevereiro, a agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) avisou que deveria reavaliar a nota de crédito do Brasil.
Causou suspense na última semana de dezembro, por conta da especulação de que não faria mudanças de patamar em ano eleitoral, por conta do óbvio impacto político.
Na primeira semana de 2018, a S&P esclareceu que não tinha qualquer restrição em rebaixar ou melhorar rating em calendário com eleições. Esperava-se que a agência aguardasse a data prevista de votação para então tomar sua decisão, mas se antecipou.
Reduziu a nota do Brasil de BB para BB-, nesta quinta-feira (11), distanciando o país ainda mais do seleto clube a que teve acesso durante meia dúzia de anos, o de bons pagadores. Já são três degraus atrás do grupo de elite.
A justificativa oficial foi "o progresso mais lento do que o esperado em implementar uma legislação significativa para corrigir a derrapagem fiscal estrutural". Mas não é só coincidência o fato de o rebaixamento ter ocorrido logo depois da exótica proposta de "flexibilizar" a regra de ouro, que impede endividamento para bancar despesa corrente.
No momento em que o país testa sua capacidade de retomada econômica, é uma balde de água fria. Vai elevar o custo e apertar os critérios do crédito internacional para empresas brasileiras e para rolar a dívida pública. Se servir para acordar, será pedagógico.