Pelas reações dos mercados, ainda havia muitos otimistas. Desde a surpreendente eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, há uma interrogação: o Trump que acaba de assumir a Casa Branca é o mesmo candidato de frases abertamente xenófobas, manifestamente protecionistas? Em seu discurso da posse, ele fez questão de responder que sim.
Se o primeiro discurso após a vitória havia reforçado a esperança de quem esperava o arquivamento das teses agressivas, o da posse reavivou os temores de quem teme um Trump no poder igual ao que percorreu os EUA com suas palavras de divisão. E foi acompanhado de deslizamentos de todos os principais índices de bolsas de valores do planeta. Os de Nova York não chegaram a afundar, mas encurtaram os ganhos.
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Para poupar os leitores de adjetivos autorais, recorro a algumas reações, no Twitter, de economistas e historiadores que escolheram viver nos Estados Unidos, assim como o avô alemão de Trump há mais de um século. Nouriel Roubini, espécie de filho da globalização, que se tornou famoso ao "prever" a crise de 2008, escreveu, sobre o pronunciamento na festiva hora da posse: "raivoso, populista, nacionalista, unilateralista, depressivo, insultante, mau, sem meios-tons, intolerante, arrogante". Francis Fukuyama, o autor da tese do "fim da história" – o que incluía a vitória final do capitalismo liberal: Trump só falou para um fatia específica dos EUA, não para todos nós".