Um dos principais adversários da guerra comercial declarada por Donald Trump testará uma resposta política. Se for eficaz, poderá evitar o que o mundo mais teme depois do decreto que fixou imposto de importação de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio. Nesta sexta-feira (9), o embaixador João Gomes Cravinho, chefe da delegação da União Europeia no Brasil, reuniu jornalistas em São Paulo e foi explícito ao descrever a estratégia:
— Há duas maneiras de reagir. Uma é fazer o mesmo, porque, se há imposto maior, outras partes vão ter de se defender. Outra é retaliar com medidas defensivas.
Cravinho explicitou o objetivo das ameaças de retaliação: a das motos Harley-Davidson mira o Wisconsin, Estado de Paul Ryan, republicano que preside a Câmara; a sobre o bourbon, uísque de milho, o Kentucky de Mitch McConnell, líder republicano no Senado; a dos jeans Levi’s, a Califórnia da líder democrata na Câmara, Nancy Pelosi.
A escolha se baseia na percepção de que as motivações de Trump são mais políticas do que econômicas. Diante da análise de especialistas americanos – de que o decreto vai fechar, mais do que abrir, postos de trabalho –, a conclusão é de que o objetivo é aumentar o emprego nos Estados com maior número de siderúrgicas e que asseguraram a vitória de Trump, já de olho no segundo mandato.
Segundo Cravinho, outra iniciativa da UE será se unir a outros países prejudicados para agir de forma coordenada. Com um terço de suas exportações concentradas nos EUA e segundo maior fornecedor do país, só atrás do Canadá – que foi poupado por ser sócio do Nafta –, o Brasil é potencialmente o mais atingido. O embaixador afirmou que ainda não fez contato com as autoridades brasileiras, mas avaliou que a postura do Planalto sobre a medida de Trump ainda não ficou clara.
* A colunista viajou a convite da delegação da UE.