No Piratini, a avaliação é de que o leilão de ações preferenciais do Banrisul foi razoavelmente bem-sucedido. Apesar de representar um reforço de apenas R$ 484,9 milhões para o Estado – cerca de um terço da folha de pagamento do funcionalismo –, a operação dá fôlego financeiro em momento especialmente rarefeito para os cofres estaduais. Quando caírem na conta, na sexta-feira, os recursos sequer trafegarão no banco. Vão direto para as contas do dono dos papéis: o governo do Rio Grande do Sul.
Críticos da medida avaliam que a venda dessa fatia de ações equivale a vender o carro para pagar 10 dias de aluguel. Esse é o risco que espreita o banco estadual: virar caixa automático do Piratini. No mesmo dia da realização do leilão, foi aprovada em assembleia-geral a redução de capital do Banrisul. Não tem consequência imediata, é só o primeiro passo para a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), da Banrisul Cartões, cujo ativo é a rede de pagamentos Vero.
Será uma operação mais ambiciosa do que a venda desta terça-feira (10). Embora o fato relevante publicado pelo Banrisul para avisar ao mercado que faria essa alteração mencione uma quantia modesta para a redução de capital – R$ 353,3 milhões – esse é um valor teórico.
A expectativa é de que o mercado enxergue a Banrisul Cartões como uma Cielo ou um PagSeguro. Essa empresa, que fez seu IPO em Nova York, arrecadou US$ 2,3 bilhões. Claro que há diferença de estrutura, de porte e de mercado. Mas otimistas sonham com cerca de R$ 2 bilhões na oferta inicial da subsidiária.
Não há garantias de que chegue a bom termo. Fontes de mercado familiarizadas com esse tipo de operação ponderam que tudo vai depender de como estará o humor de investidores quando, dentro de cerca de quatro meses, o IPO da Banrisul Cartões estiver montado. O que se prevê, nos próximos meses, é de um período de forte volatilidade na bolsa. Os fechamentos de segunda-feira (-1,78%) e de terça (1,44%) ilustram os altos e baixos futuros.