Sim, está difícil de entender. Depois de anunciar duas operações e cancelar uma, o Banrisul faz um novo movimento de venda de ações da instituição. Acompanhe a evolução:
1. Em outubro, o governo anuncia a venda de todo o excedente de ações que não representavam o controle do Banrisul. O Piratini só ficaria com os 51% das ações ordinárias (são as que dão direito a definir a estratégia da companhia). Depois de anunciada, a operação foi suspensa em dezembro e cancelada na sexta-feira passada (6).
2. Em março, o Banrisul lançou fato relevante anunciando a intenção de fazer uma oferta pública inicial de ações (IPO) da Banrisul Cartões, que inclui a rede Vero e o Banricompras, dois produtos relevantes do banco estadual.
3. Nesta segunda-feira (9), o banco informou à bolsa de valores, B3, que vai fazer leilão de ações preferenciais (as que não dão direito a voto nas decisões sobre a companhia) na terça-feira (10).
O objetivo do governo é obter recursos para colocar em dia a folha de pagamento do funcionalismo. Para isso, precisa de uma operação segura e volumosa, mas que não coloque em risco o patrimônio do Estado.
Conforme pessoas familiarizadas com a operação, qual é a explicação para o vende-não-vende:
1. A operação de venda de todo o excedente foi anunciada, suspensa e cancelada principalmente porque o valor das ações ordinárias do Banrisul é baixo e representaria perda de valor na transação. Além disso, embutia o risco de, no futuro, um acionista consolidar os 49% das ações vendidas com direito a voto e se tornar sócio estratégico do banco, disputando decisões com o governo do Estado.
2. O IPO da Banrisul Cartões é demorado. A operação deve ser autorizada nesta terça-feira (10) em assembleia-geral. Pode render bem mais do que o esperado, mas é um resultado incerto, que exige tempo. Tem pouca probabilidade de sair até agosto.
3. A venda de ações preferenciais em leilão é rápida e "barata". O problema é que tem uma limitação de volume. O Estado só tem 14,2% desses papéis. No leilão, serão oferecidos apenas 12,75%, porque a diferença (1,45%) havia sido dada em garantia, no governo Tarso, para uma operação de financiamento. Nesse leilão, há um piso para que os interessados fechem a operação: R$ 18. Se as ofertas forem desse valor, somará R$ 468 milhões – um terço da folha de pagamento do funcionalismo.