Sem recursos suficientes em caixa para honrar todas as contas, o governo de José Ivo Sartori bateu, em abril, a marca de 28 meses de parcelamentos e atrasos nos contracheques dos servidores do Poder Executivo. Até esta segunda-feira (9), os salários de março haviam sido pagos a 42% do funcionalismo (142.748 matrículas). O demais seguiam à espera do dinheiro.
A folha começou a ser parcelada ainda no primeiro ano de gestão, em julho de 2015, sob fortes críticas dos sindicatos que representam as principais categorias do serviço público, em especial o Cpers. Em agosto daquele ano, novo parcelamento foi registrado e, depois disso, o governo conseguiu voltar a regularizar a situação por seis meses.
A partir de fevereiro de 2016, sem alternativas para fazer frente ao agravamento da crise financeira e à queda de arrecadação, Sartori voltou a parcelar os vencimentos do Executivo. Desde então, a situação se tornou rotina: de lá para cá, são 26 meses consecutivos sem pagamentos em dia.
Em agosto do ano passado, contudo, a situação chegou ao limite. No dia 30 daquele mês, os servidores do Executivo acordaram com um depósito de escassos R$ 350 nas contas bancárias. Foi o menor valor pago por Sartori no último dia do mês, desde que começou a atrasar salários, em 2015.
Decidido a pagar primeiro a quem ganha menos, o governador decidiu, então, alterar a forma de pagamento da folha a partir de setembro de 2017. A decisão tomada foi a de depositar primeiro o valor integral dos vencimentos mais baixos. Só depois disso passariam a ser contemplados os funcionários públicos com remunerações mais elevadas. À época, Sartori justificou a medida afirmando se tratar de "uma questão de justiça".
A alternativa passou, então, a ser adotada mensalmente e segue em vigor. A folha de março começou a ser paga no último dia 29 (contemplando vencimentos líquidos de até R$ 1,2 mil). Depois disso, houve mais um depósito no dia 4 (rendimentos líquidos de até R$ 1,4 mil) e, nesta segunda-feira (9), foram abarcados os servidores que ganham entre R$ 1,4 mil e R$ 1.850 líquidos. Na terça-feira (10), será a vez daqueles que recebem de R$ 1,85 mil a R$ 2,5 mil. A Secretaria da Fazenda prevê finalizar os pagamentos até o dia 17.
O histórico de dificuldades
Confira como evoluiu o pagamento de salários do Poder Executivo desde o início do governo de José Ivo Sartori:
2015 - 2 meses com parcelamentos
Os salários dos servidores do Executivos foram parcelados em julho e agosto.
2016 - 11 meses com parcelamentos
Os parcelamentos começaram em fevereiro e se estenderam sem interrupção até dezembro.
2017 - 12 meses com parcelamentos e atrasos
Houve parcelamentos consecutivos de janeiro a agosto. Neste último mês, o Estado fez o depósito inicial mais baixo até então: R$ 350. No fim de setembro, o governo decidiu que não faria mais a divisão do dinheiro em parcelas iguais para todos os servidores. A partir dali, passou a pagar os salários por faixas, priorizando os vencimentos mais baixos e atrasando os demais. Isso ocorreu até dezembro.
2018 - até agora, três meses com atrasos
As folhas de janeiro, fevereiro e março foram pagas com atraso. A de março segue em aberto.