A separação e venda de ações da Banrisul Cartões, divisão que inclui a rede Vero e a divisão Banricard, era discutida há tempo na instituição. Ainda hoje não há unanimidade sobre a conveniência da operação. Analistas veem “geração de valor” para o banco, por dar visibilidade a um ativo hoje “escondido”. Nessa perspectiva, no plano de venda de ações excedentes, a Vero iria “de brinde”, no momento no qual empresas semelhantes, como Cielo e Getnet, estão valorizadas.
O modelo é complexo. Prevê que o banco devolva a acionistas R$ 353,3 milhões na forma de redução de capital. O valor será pago com ações da Banrisul Cartões. O governo ficaria com cerca de R$ 201 milhões, o equivalente a 57% do total de ações. Para um Piratini premido por crise bilionária, parece pouco. Diante da constatação, é possível que se mantenha a venda das ações que excedem o volume necessário ao controle estatal.
Quem aposta no sucesso da nova opção pondera que a Cielo tem múltiplo (cálculo do preço da ação diante da projeção do lucro da empresa) de 15 vezes. O resultado poderia ser muito superior ao projetado no comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Uma respeitada instituição financeira enviou relatório a clientes seletos estimando o valor da Vero entre R$ 2,6 bilhões e R$ 3,5 bilhões. Essa mesma instituição avalia que a oferta nos moldes anteriores fica mais distante, assim como a privatização do banco.
Observadores ponderam que uma abertura de capital como a proposta tem “prazo imprevisível”. É uma oferta pública primária, que exige documentação complexa. Por outro lado, a venda dos excedentes está pronta, só esperando uma autorização. Não seria impossível, portanto, que fosse realizada ainda antes, com Vero e Banricard “de brinde”.