Quando se esperava uma manifestação do governo do Estado sobre a venda de ações do Banrisul, o banco surpreendeu com o comunicado à Comissão de Valores Mobiliários de que "está estudando" a abertura de capital da Banrisul Cartões. Em conversas reservadas, executivos do banco estadual comentavam, nos últimos dias, que uma eventual movimentação no mercado não seria realizada "nos mesmos termos" da discutida no final do ano passado, que envolvia a oferta do restante das ações preferenciais em posse do Estado e, pela primeira vez, venda de parte das ações ordinárias.
A diferença é importante porque a ação ordinária é a que dá poder de decisão a seu detentor. Quem tem esse tipo de papel tem direito a voto em fóruns de decisão da companhia de capital aberto, como assembleias e reuniões de acionistas. Como o plano do banco era vender uma porção substancial, abria a possibilidade de ter, a médio prazo, um sócio relevante. Isso poderia ocorrer caso, depois da venda pulverizada, algum interessado passasse a adquirir ações dos demais, acumulando uma parcela suficientemente grande para interferir nas decisões do Banrisul.
O que o banco planeja, agora, é uma abertura de capital da Banrisul Cartões por meio de uma oferta pública de ações – apenas preferenciais. Essa opção era defendida por gaúchos que conhecem bem o sistema financeiro e a situação financeira do Banrisul e do Estado. Em um dos trechos do comunidado, a diretoria do banco gaúcho destaca "o potencial de crescimento do segmento de meios de pagamentos, e com o intuito de evidenciar os resultados da Banrisul Cartões".