Com sede em Esteio, a Inbetta está concluindo investimentos de R$ 140 milhões em Pernambuco e de R$ 60 milhões no Estado. Nesta entrevista, o presidente da empresa, Eduardo Bettanin, conta por que a companhia — que ano passado faturou R$ 1,3 bilhão — tocou adiante novos empreendimentos em plena crise e como enfrentou a recessão. Elogia ainda a receptividade no Nordeste, mas ressalta que deixar o Rio Grande do Sul está fora de cogitação.
Esses investimentos estavam planejados antes ou foram resposta à demanda?
Estava planejado. A empresa tem 71 anos e sabemos que crises vêm e vão. Desenvolvemos um plano e resolvemos segui-lo. Fizemos a lição de casa, investimento em sistemas, pessoas, processos, e isso nos assegurou que, mesmo em condições não ideais, teríamos espaço para esses investimentos. Também contávamos que estivessem maduros, prontos, já com o pior da crise passado.
Quando montaram este plano?
Há cinco anos. Veio a crise e notamos que, mesmo assim, valia a pena. As empresas têm o seu momento de fazer as coisas e isso não pode ser perdido. Sempre se escolhe o momento ideal de mercado com o momento da organização, mas não acho que houve descasamento tão grande. O mundo não parou, muito menos o corporativo. Nossos clientes do varejo continuaram se desenvolvendo. O que se exige hoje para um bom atendimento, é muito mais do que há cinco anos. No mundo dos negócios, é o consumidor que manda e, se você não entrega aquilo que ele quer, vai comprar de outro.
Como foram esses anos de crise para vocês, principalmente 2015 e 2016?
Com resultado positivo. Crescimento de vendas, crescimento em novas áreas. Conseguimos passar bem pela crise. Não tivemos queda de venda, mesmo levando em conta a inflação.
Dá para falar em percentuais?
Conseguimos atingir crescimento de dois dígitos nestes últimos anos.
Se diz que é um setor muito ligado ao PIB, mas não foi o que aconteceu com vocês. Por quê?Nós fazemos produtos de limpeza, de bazar plástico, de ferramentas para pintura, organização da casa. As pessoas se voltaram mais para dentro de casa. Não ligo tanto para o PIB, mas para o número de domicílios, que não diminuiu.
Identificaram este fenômeno das pessoas se voltando para suas casas?
Ajudou a vender. O consumo de bens duráveis diminuindo, não impacta tanto em queda nos não duráveis. No nosso setor, houve queda em alguns segmentos, mas compensada por outros, com lançamentos, novas tecnologias. Trabalhamos bastante para manter a competitividade. Isso se reflete em investimentos na fábrica e centro de distribuição em Recife e na remodelação na matriz, em Esteio.
Em Recife e aqui são ampliações?
Lá tem mais característica de ampliação. É uma fábrica onde fazemos vários produtos da Inbetta, da marca de limpeza Bettanin, de ferramentas Atlas, de bazar plástico da Sanremo, de organização de Ordene, de acessórios para banheiros da Primafer, e da SuperPro (limpeza profissional). Todas as marcas terão produção lá. É aumento de produção e adequação ao mercado daquela região. A fábrica existia, mas era restrita a produtos de bazar plástico.
E aqui? São comuns reclamações de empresários sobre dificuldades para investir no Rio Grande do Sul.
Aqui foi no sentido de melhorar tecnologia, adequação de instalações, para poder utilizar melhor e tecnologia de produção. Foi mais investimento em adequação e qualidade. Estamos aqui, é a nossa casa. Faz sentido total investir aqui. No Nordeste foi estratégico, de longo prazo, e também lá é mais fácil de investir. A estrutura de Estado é bastante célere. Têm uma visão profissional do que querem. Acham interessante atrair empresas do Sul porque levam tecnologia, chance de aumento da arrecadação de impostos.
Mas há alguma possibilidade de deixar o Rio Grande do Sul?
Absolutamente, não. Somos daqui e estamos muito bem aqui. Um dos fatores do sucesso atribuo ao nosso pessoal, e grande parte está aqui. Não há absolutamente nada. Se não, não estaríamos investindo aqui. Somos uma tradicional empresa gaúcha, com investimentos em outros Estados.